A questão energética está em destaque no Brasil pela maior
utilização das termelétricas, pelo baixo nível dos reservatórios das
hidrelétricas, pela incerteza de um apagão, pela diminuição da tarifa para o
consumidor e, um assunto que nunca sai de pauta, pelo envolvimento dessas
questões com o meio ambiente.
Em meio aos protestos contra a construção da usina
hidrelétrica de Belo Monte (PA) e aos futuros leilões de geração de energia na
região Amazônica – a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) planeja a construção
de 34 novas usinas até 2021, sendo 15 na Amazônia Legal –, os debates acerca
dos impactos ambientais causados pela construção de grandes empreendimentos
energéticos nessa região ganham destaque principalmente pelo perfil da área e
por muitos dos seus meandros serem ainda desconhecidos dos cientistas.
A construção de uma hidrelétrica causa a inundação de
gigantescas áreas, impactando a população local, que sofrerá com o alagamento
dos vilarejos e plantações. Essa consequência é sentida em especial na
Amazônia, região majoritariamente plana. Além disso, cerca de 20% da energia
gerada pelas hidrelétricas é perdida nas linhas de transmissão, de acordo com a
segunda edição do relatório “O Setor Elétrico Brasileiro e a Sustentabilidade
no Século 21 – Oportunidades e Desafios”, isso se dá pela grande distância
entre esse polo gerador e as maiores regiões de consumo, localizadas no sudeste
do país. Soma-se a isso o fato da região Centro-Sul estar ficando saturada de
usinas hidrelétricas e a região amazônica ter um grande potencial hídrico, o
que a torna um chamariz para novos empreendimentos desse caráter.
Contudo, para se desenvolver o país é preciso de ações que
eventualmente acarretam algum dano, mas que se fazem necessárias. “Não existe
atividade socioeconômica que não traga riscos, a questão é como minimizar esses
efeitos”, alerta o pesquisador do instituto de física da USP e representante do
Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), Paulo Artaxo.
Artaxo defende a construção de hidrelétricas na região
amazônica, já que essa energia é limpa e causa menos impacto do que outras
formas, como as termelétricas. No entanto, é preciso realizar um trabalho que
minimize os eventuais impactos e respeite as populações locais.
O físico acredita que a escolha da matriz energética
brasileira também deve considerar a opinião da população. “Cabe à sociedade
decidir o que fazer e então escolher a melhor estratégia”, pondera o
pesquisador.
Por Claudia Müller
Fonte: CicloVivo