A viabilidade da técnica já foi
comprovada em laboratório, e a Poli negocia parceria com indústrias de cimento
para aperfeiçoar a tecnologia e aplicá-la na produção
Foto: Keneth Cruz
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Graças a uma nova técnica criada pela escola Politécnica da USP (Poli) , será possível dobrar a produção de cimento sem aumentar as emissões de gás carbônico (CO2). Segundo um dos responsáveis pelo projeto, Vanderley John, atualmente a demanda mundial por cimento é responsável por 5% do total de CO2 emitido na atmosfera.
O novo método realiza de forma
mais racional o controle, seleção e combinação das matérias-primas usadas para
produzir o cimento, aumentando a qualidade e a maleabilidade do produto e
permitindo substituir grande parte do material responsável pela emissão de CO2,
podendo reduzir as emissões em 40%.
A viabilidade da técnica já foi
comprovada em laboratório e a Poli negocia parceria com indústrias de cimento
para aperfeiçoar a tecnologia e aplicá-la na produção.
A pesquisa
Segundo os pesquisadores, o
cimento tradicional é composto por argila e calcário que, unidos, se
transformam em cimento na fase básica, chamado de clínquer (foto abaixo). Esse
material é capaz de emitir grandes quantidade de CO2 (para cada tonelada de
clínquer são emitidos entre 800 e 1.000 quilos de CO2). A ideia é reduzir parte
dessa substância e aumentar a proporção de filler (matéria-prima a base de pó
de calcário que dispensa tratamento técnico, processo da fabricação do cimento
responsável por mais de 80% do consumo energético e 90% das emissões de CO2),
adicionando dispersantes orgânicos que afastam as partículas do material e
possibilitam menor uso de água na mistura com o clínquer.
Para cada tonelada de clínquer
são emitidos entre 800 e 1.000 quilos de CO2
Foto: reprodução
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O professor explicou que a
produção de menos fornos implica também em não aumentar o consumo de
combustível na operação. Uma fábrica de cimento padrão custa a partir de US$
200 milhões, sendo que parte significativa dos custos vem da implantação dos
fornos e do combustível .
O método utilizado pela Poli
combina matérias-primas simples com ferramentas e conceitos avançados, a
começar pelo controle e seleção das substâncias que compõem o cimento. “A
tecnologia é baseada em modelos de dispersão e empacotamento de partículas que
possibilita organizar os grãos por tamanho, favorecendo a maleabilidade do
cimento”, diz Rafael Pileggi, professor da Poli que também coordena o projeto.
“Por meio da reologia, ramo da ciência que estuda o escoamento dos fluidos,
obteve-se misturas fluidas com baixo teor de clinquer e outros ligantes, como a
escória. Também foi possível reduzir a quantidade de cimento e água utilizados
na produção de concreto, sem perda da qualidade”.
Por Agência USP
Fonte: Ecodesenvolvimento.com