Cenário desolador é deixado no desmate ao cerrado para
expansão da soja no Mato Grosso
Foto: LeoFFreitas
Caso o novo Código Florestal entre em vigor como está, a
área florestal a ser recuperada reduzirá 58%. A conclusão consta em um estudo
da Universidade Federal de Minas Gerais, parte de um modelamento da expansão da
agricultura no país encomendado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da
Presidência da República, de acordo com informações do jornal O Estado de S.Paulo.
Atualmente, os vetos presidenciais do novo Código Florestal tramitam no Congresso Nacional. Existem três ações diretas de inconstitucionalidade (Adins) sobre mais de 20 dispositivos do novo Código Florestal. O advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, afirmou naterça-feira, 12 de março, em Brasília, que os fundamentos constitucionais da legislação ambiental são sólidos e que as ações não vão produzir efeito.
De acordo com a análise, apenas dentro do cerrado, bioma que
sofre com a expansão da soja, 40 milhões de hectares poderão ser desmatados
legalmente, uma vez que há uma grande extensão de propriedades com ativo
florestal. Outro bioma ameaçado é a Caatinga, com cerca de 26 milhões de
hectares passíveis de desmatamento.
Já a área de passivo ambiental, na qual a recuperação da
vegetação nativa é obrigatória, cairá de 50 milhões de hectares para 21
milhões, com o novo texto. O estudo ressalta que os estados mais prejudicados
serão Mato Grosso, Pará, Minas Gerais e Bahia.
Expansão
Os autores do estudo reforçam que a principal causa do
desmate é a grande pressão pela expansão agrícola brasileira. Para o
pesquisador Britaldo Silveira Soares-Filho, do Centro de Sensoriamento Remoto
da UFMG, o ideal é as políticas agrárias foquem no planejamento da produção e
no aumento da produtividade em áreas já ocupadas, evitando o desmate.
"Uma possibilidade é criar um mercado de terras
florestadas, em que quem tem excedente de floresta nativa em sua propriedade
gera um título para quem tem um déficit. É preciso desenvolver políticas de
manutenção de floresta em pé", declarou.
Fonte: EcoDesenvolvimento