Gerar energia solar em casa hoje permite que não se tenha
que pagar nada na conta de luz no fim do mês e até ficar com crédito com a
distribuidora de energia. Veja como:
Painéis de captação de energia solar em João Pessoa (PB):
com a nova medida, o consumidor se torna um produtor de energia quando o
consumo é menor que a produção
Você já pensou em receber a conta de luz no fim do mês e não
ter de pagar nada pela energia usada durante o mês? Melhor: já imaginou ter
crédito com as companhias de energia? Pois as medidas adotadas pela Aneel na
resolução 482, publicada no ano passado, são um grande passo para que isso
aconteça. De acordo com as novas regras, além da regulamentação da produção de
energia solar no país, há agora o sistema de compensação de créditos a favor do
consumidor, o que viabiliza economicamente os sistemas de energia solar.
“É algo bastante simples. Toda energia gerada durante o dia pelo
sistema de eletricidade solar será usada pelos eletrodomésticos e demais
equipamentos que estão consumindo energia naquele momento. Mas se houver
excedente de energia, esta quantidade será exportada para a rede da
distribuidora, que retornará a energia em forma de crédito na conta do
consumidor”, explica Jonas Gazoli, diretor da empresa Eudora
Solar.
O crédito pode ser usado por 36 meses, inclusive em outras
instalações do próprio consumidor, sendo usada durante a noite ou em dias de
chuva, por exemplo, quando o sistema solar não está produzindo energia na
ausência do astro-rei.
“Esse sistema permite
que o consumidor tenha contabilizada a geração de energia mesmo quando não
estiver usando. Na prática, ele se torna um produtor de energia em alguns
momentos do dia, quando o consumo é baixo ou não há consumo”, diz Marcelo
Gradella Villalva, pesquisador e professor da Unesp.
Como é mais comum as pessoas não estarem em casa durante o
dia, o sistema de compensação faz com que, no final do mês, toda a energia
produzida seja descontada na conta de luz, resultando em uma economia que pode
chegar a 100%.
Válida para todo
mundo
A medida é tão favorável que até mesmo universidades estão
fazendo uso de eletricidade solar visando a redução nos gastos.
É o caso, por exemplo, da Fumec BH (MG), que agora
conta com o sistema implantado pelo engenheiro e professor da instituição Virgilio
Medeiros.
“Como sou professor da
disciplina energia solar, fiz com que o projeto fotovoltaico tivesse a
participação dos alunos e do corpo técnico da escola para desenvolvimento de
competências dentro da faculdade”, conta.
Mas se você gostou da ideia, não desanime, pois essa também
é uma ótima medida para residências. “Já
que toda energia gerada pelos painéis solares deixa de ser buscada na
concessionária local de energia, o sistema fotovoltaico gera uma economia
imediata na conta de energia elétrica”, salienta Luis Felipe Lima,
proprietário da empresa Minha Casa Solar.
A conclusão é que energia solar, além de limpa por não
consumir recursos naturais, é um bom negócio.
“Nossa tarifa de energia é cara e os reajustes
são anuais por causa da inflação. Apesar de o governo estar tentando baixá-las,
ela vai continuar custando caro. Assim, quando você instala um sistema solar
fotovoltaico, na verdade está comprando antecipadamente a energia elétrica que
vai consumir durante os próximos 30 anos", afirma Marcelo Villalva, da Unesp.
"Imagine 10, 20
ou 30 anos de inflação sobre o preço atual da eletricidade. Não é preciso fazer
muitas contas para perceber que é vantajoso investir em um sistema como esse”,
completa o professor.
O tempo de retorno do investimento gira em torno de 5 a 10
anos, dependendo do local onde é instalado. Por último, para quem está pensando
em instalar este tipo de sistema, existe mais um benefício: a valorização do
imóvel, já que residências equipadas com tecnologias verdes e autossuficientes
em energia tendem a ser valorizados no mercado.
Como ter desconto na
conta de luz?
Para gerar sua própria eletricidade com energia solar você
deve instalar um conjunto de equipamentos composto por módulos fotovoltaicos,
um inversor eletrônico e um quadro elétrico especial.
“A instalação do
sistema demora de dois a três dias e deve ser feita por uma empresa
especializada. Antes de tudo você precisa solicitar uma autorização e
apresentar um projeto técnico para a concessionária de eletricidade local.
Depois de instalado o sistema, você passa a receber uma fatura de eletricidade
onde constam dois itens: a energia consumida e a energia produzida pela
residência. Se a residência conseguir gerar 100% de sua eletricidade, você não
vai pagar nada no final do mês, exceto a taxa básica de conexão à rede
elétrica”, explica Villalva.
O investimento inicial gira em torno de R$ 15 mil a R$ 40
mil, dependendo do consumo da família.
“Mas já existem tecnologias com microinversores que permitem um investimento
inicial menor e mais gradual. O consumidor pode montar, por exemplo, um sistema
composto por apenas um ou dois painéis fotovoltaicos e aumentar a quantidade de
módulos gradativamente. Isso pode reduzir o investimento inicial para cerca de
R$ 5 mil a R$ 15 mil”, calcula Lima, da empresa Minha Casa Solar.
O investimento é preciso porque os módulos são diferentes
dos coletores solares térmicos já conhecidos, que apenas servem para aquecer a
água. Eles são feitos de células de silício ultra-puro, que transformam a luz
do Sol em corrente elétrica.
Para que deem resultado, eles são ligados a um inversor, que
é um equipamento eletrônico que converte a energia em corrente alternada que é
usada na residência.
"O inversor é um
equipamento de pequenas dimensões e pode ser instalado em qualquer lugar da
casa como, por exemplo, na área de serviço ou em alguma parte externa. O
inversor fica conectado à instalação elétrica da residência através de um
quadro elétrico especial, que possui alguns dispositivos de segurança
necessários para a operação do sistema. Feito isso, o sistema de eletricidade
solar passa a alimentar a residência simultaneamente com a rede elétrica
pública”, explica o professor Villalva.
Esses acessórios serão fundamentais para que a energia
gerada se transforme em economia para o seu bolso.
Fonte: Exame