No último domingo (12) aconteceu
o tradicional passeio cicloturístico pela Rota Márcia Prado, que liga a capital
paulista à cidade litorânea de Santos. O evento acontece anualmente desde 2009
e nesta edição alcançou um número recorde de participantes. Os registros marcam
a passagem de 8.978 ciclistas pelos 80 quilômetros que separam as cidades. A
alta adesão fez com que o evento ganhasse espaço na mídia, sendo noticiado
pelos dois principais jornais impressos de São Paulo, a Folha e o Estado, que contou
com a representação e participação da bike-repórter Renata Falzoni pedalando
entre a massa de ciclistas. O crescimento no número de adeptos ao passeio é
absurdo e reflete também um aumento significativo de ciclistas pedalando
constantemente pela cidade.
A primeira edição da viagem pela
Rota Márcia Prado ocorreu em 2009, ano em que a ciclista que dá o nome ao
trajeto foi morta, atropelada por um ônibus em plena Avenida Paulista. Na
ocasião 500 ciclistas completaram o percurso. Em 2011 o número foi bem maior,
com aproximadamente três mil inscrições, quase um terço do passeio mais
recente. Em declaração ao jornal Folha de S. Paulo, Daniel Labadia, gestor de
projetos do Instituto CicloBR, disse que um dos possíveis motivos para o
aumento tão expressivo na quantidade de participantes pode também ser atribuído
às CicloFaixas de Lazer, que funcionam aos domingos e feriados na cidade e têm
incentivado novos ciclistas. O alto número de ciclistas percorrendo o trajeto
também resultou em alguns percalços, causados principalmente pela falta de
estrutura oferecida por órgãos governamentais. A principal reclamação feita por
parte dos ciclistas que participaram do passeio deve-se à demora para a
passagem pela balsa que leva à Ilha do Bororé, ao extremo sul da cidade. O
local conta com apenas duas balsas, responsáveis por transportar diariamente
carros e ônibus. No domingo elas também precisaram ajudar a travessia de quase
nove mil ciclistas.
Apesar de este ter sido um dos
pontos críticos do passeio, muitos participantes, que se manifestaram no
Facebook após a viagem, aproveitaram para enxergar o lado positivo da demora.
Os depoimentos são de que o momento foi oportuno para fazer novas amizades,
brincadeiras e aproveitar a natureza e o passeio. Outro problema levantado pelos
ciclistas que se disseram insatisfeitos com o evento está relacionado à falta
de segurança em alguns trechos do percurso onde foram registradas algumas
bicicletas roubadas. Mesmo que existam reclamações sobre a estrutura, é preciso
salientar que o passeio anual pela Rota Márcia Prado é promovido pelo Instituto
CicloBR, sem fins lucrativos e sem qualquer tipo de apoio financeiro.
T
odos os ciclistas inscritos
participam da viagem gratuitamente e, neste ano, mesmo com milhares de
participantes a organização contou com a ajuda de apenas 20 voluntários na
equipe de organização. Além de proporcionar um contato único com a natureza e
com outras pessoas, um evento deste porte serve como forma de protesto para
mostrar às autoridades de São Paulo e do Brasil que a bicicleta tem ganhado
cada vez mais força como meio de transporte e, se isso acontece, é necessário
repensar diversas estruturas.
Fonte: Ciclo Vivo