quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Poço dos desejos



Há um segmento no Brasil com uma demanda reprimida enorme, com um grande potencial de lucro, capaz de oferecer garantia de fluxo de caixa de até 30 anos. Trata-se do setor de saneamento, que conta com um marco regulatório estável, e um caminhão de dinheiro público, pronto para ser despejado nos municípios que pretendam investir. Nada menos que R$ 41 bilhões estão disponíveis, através do PAC Saneamento, até 2014. Mesmo com esses atrativos, o interesse dos investidores estava aquém do necessário. Estava, garantem os mais otimistas, pois o assunto ganhou de vez a atenção da iniciativa privada, que aumenta a pressão para dar velocidade às obras do setor.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI), por exemplo, propõe a criação de incentivos para aumentar a atração de investidores, e assim sanar gargalos que comprometem a economia como um todo. “Diversas atividades industriais são sensíveis à falta de saneamento”, diz José Augusto Fernandes, diretor de políticas e estratégia da CNI. “Onde não há tratamento de água, por exemplo, indústrias alimentícias precisam investir para deixar o insumo em condições adequadas.” Hoje há cerca de 15 entidades de classe mobilizadas para alterar as vergonhosas estatísticas brasileiras. Somente 46% da população tem esgoto tratado no País, um quadro que se explica pelo baixo investimento: cerca de R$ 8 bilhões anuais, quando a necessidade é de R$ 17 bilhões.

A presença pulverizada de empresas públicas e a falta de fiscalização deixam o tratamento de água e esgoto no último lugar da fila das prioridades dos prefeitos, como demonstrou a pesquisa de Informações Básicas dos Municípios (Munic), divulgada pelo IBGE, no mês passado: 70% das cidades brasileiras não têm um projeto consistente para cuidar do assunto. Em 2007, o governo federal criou um marco regulatório, que obriga os municípios a terem um plano de saneamento. A adesão ainda é baixa, mas o governo sinaliza com corte de verbas para quem não fizer a lição de casa. Com o cerco se fechando para a ineficiência, novas companhias começam a ingressar no mercado, como a OAS Soluções Ambientais, divisão da construtora OAS, que deve disputar o mercado de concessões públicas, e projeta um faturamento de R$ 700 milhões anuais.

Lucros pelo cano

- Investimento no setor de saneamento ainda é metade do que o país precisa;
- Faturamento do setor de água e esgoto somou R$ 70, 5 bilhões em 2010;
- Investimentos anuais somam entre R$ 7 bilhões e R$ 8 bilhões;
- País precisa investir R$ 17 bilhões por ano;
- Cada R$ 1 investido em saneamento gera R$ 4 de economia na área de saúde;
- Universalização dos serviços injetaria R$ 41,5 bilhões anuais na economia.


Por Carla Jimenez e Guilherme Queiroz

Fonte: Isto É Dinheiro
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