Quem costuma separar os materiais para a reciclagem está
habituado a seguir as quatro cores - amarelo (metal), azul (papel), verde
(vidro) e vermelho (plástico) -, além de reservar o conteúdo orgânico. Mas o
que fazer com lâmpadas e remédios, por exemplo? Todos os resíduos precisam ser
encaminhados corretamente para os locais de descarte: ensinamos quais eles são
neste guia.
Dados divulgados em setembro deste ano pelo Compromisso
Empresarial para Reciclagem (Cempre) apontam que 27 milhões de brasileiros, em
766 municípios, contam com a coleta seletiva. Se sua cidade ainda não tem
os erviço, separe o lixo mesmo assim - catadores de rua, cooperativas,
associações de moradores e ONGs podem cuidar para que os resíduos sejam
eliminados da forma certa. Uma prática que vigora desde agosto de 2010, com a
aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), é a logística
reversa: ela define que as empresas são responsáveis por recolher seus produtos
após o descarte pelo consumidor. Isso significa que a mesma marca que vende um
eletrônico deve recebê-lo de volta ou indicar o que fazer com ele. A regra vale
para fabricantes de pilhas, baterias, pneus, lâmpadas fluorescentes,
eletrônicos e seus componentes. Abaixo, damos todos os detalhes para você fazer
sua parte com consciência.
RECICLÁVEL X NÃO RECICLÁVEL
Para o processo de reciclagem acontecer, não é necessário
lavar nada antes. No entanto, é higiênico retirar o excesso de resíduos do
recipiente, principalmente se ele ficar armazenado por algum tempo.
"Embalagens sujas de leite, açúcar ou doces podem atrair ratos e baratas.
Por isso, sugerimos que as peças fiquem na pia durante a lavagem da
louça", indica Ana Maria Domingues Luz, presidente do Instituto Gea.
"Mas nada de usar água limpa exclusivamente para isso!", ela
completa. Tem material que é fácil separar, mas há outros nada óbvios. Na
dúvida, consulte esta lista.
METAL
Recicláveis: folha de flandres (é o aço revestido de estanho
das latas de óleo, sardinha, creme de leite etc.), latas de aerossol
(verifique, antes, se estão vazias), latas de bebidas, papel-alumínio limpo,
tampas de garrafa.
Lixo comum: clipes, esponjas de aço, grampos, tachinhas.
PAPEL
Recicláveis: caixas de papelão, cartazes, cartolinas,
embalagens longa vida, envelopes, jornais, papéis de escritório. Antes de
dispensar livros e revistas, procure doá-los a bibliotecas ou escolas, ou
leve-os a sebos.
Lixo comum: caixa de pizza com resíduos, celofane, extrato
de banco, etiquetas adesivas, fotografias, guardanapo, notas fiscais,
papel-carbono, papel de fax, papel higiênico, papéis plastificados, papel
vegetal.
PLÁSTICO
Recicláveis: canos, copos, embalagens, frascos de produtos
de limpeza e higiene pessoal, garrafas PET, potes, sacos, sacolas, tubos.
Lixo comum: cabos de panela, embalagens metalizadas de
alimentos (como as de salgadinho), espuma sintética, fraldas descartáveis.
VIDRO
Inteiro ou em cacos, os produtos - recicláveis ou não -
devem ser enrolados em jornal ou papelão para evitar acidentes.
Recicláveis: copos, garrafas, frascos em geral, potes
alimentícios.
Lixo comum: boxe de banheiro, cerâmicas, cristais, espelhos,
lâmpadas incandescentes, lentes de óculos, louças refratárias, porcelanas,
vidros de janela.
E O QUE FAZER COM ESTES ITENS?
CELULARES
Antes de se desfazer do aparelho antigo, veja se há
possibilidade de conserto ou, se ele estiver em boas condições de uso, guarde-o
paraemergências, como roubos e quebras de outros celulares. Mas, se doar o
eletrônico para alguém ou tiver de jogar fora mesmo, tenha em mente duas
questões: apagar as informações pessoais antes de passá-lo para a frente e
fazer o descarte da maneira certa, já que esses equipamentos levam metais pesados
em sua composição, especialmente na bateria. Paraa primeira tarefa, siga o
procedimento descrito no manual do aparelho.
Como e onde descartar: por lei, as operadoras devem receber
ou indicar locais que recolham os produtos. Além disso, os mesmos lugares que
recebem pilhas e baterias também costumam aceitar celulares.
ISOPOR
O material é um tipo de plástico reciclável. No entanto, a
coleta dele não é realizada em todas as cidades.
Como e onde descartar: busque se informar na prefeitura de
seu município antes de colocá-lo junto com os demais componentes recicláveis. E
uma ressalva: as bandejinhas de isopor com restos de alimentos devem ir parao
lixo comum. Na realidade, a melhor dica é evitar comprar produtos que venham
nessas embalagens.
LÂMPADAS FLUORESCENTES
Não pertencem ao lixo comum porque contêm mercúrio,
substância prejudicial à saúde que, quando liberada no meio ambiente, contamina
osolo e os lençóis freáticos.
Como e onde descartar: contate o fabricante para se informar
sobre oposto de coleta mais próximo de sua casa. Outra dica é procurar a rede
Leroy Merlin, que reúne lâmpadas, pilhas, baterias, celulares e materiais
recicláveis em suas 28 lojas, presentes em seis estados (GO, MG, PR, RJ, RS e
SP) e no Distrito Federal. Não é preciso embalar, pois as estações possuem
nichos próprios para acomodar as peças.
LIXO ELETRÔNICO
Geladeiras, televisores, micro-ondas, computadores, itens de
informática (como CDs e disquetes), impressoras, cartuchos de tinta... Como se
livrar desses aparelhos e acessórios, que geralmente contêm metais pesados,
como chumbo e cádmio?
Como e onde descartar: antes de passar adiante o computador,
utilize um programa que limpe seus arquivos e impossibilite a recuperação de
dados, como o Dban (baixado gratuitamente). Isso feito, procure, primeiro,
falar diretamente com o fabricante: empresas como a Dell, a HP e a Itautec
recebem equipamentos antigos das próprias marcas. Mas, caso seu PC esteja em
bom estado, você também pode doá-lo a programas de inclusão digital, como o
Comitê para a Democratização da Informática (CDI), que separa o que funciona
para montar novos computadores nos estados de AM, BA, CE, ES, GO, MG, PE, RJ,
RS, SC, SE e SP, além do Distrito Federal. Já o E-Lixo Maps, site criado pelo
Instituto Sergio Motta em parceria com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente
de São Paulo, permite visualizar, de acordo com um endereço, qual o lugar mais
próximo para o descarte de determinado tipo de eletrônico. O site do Cempre
também disponibiliza uma lista de locais de coleta em todo o Brasil. Quem
preferir uma alternativa prática para se livrar do incômodo - principalmente no
caso de eletrodomésticos grandes, como geladeira - pode contratar uma empresa
especializada, que faz a retirada com hora marcada. A Ecoassist cobra de R$ 19
a R$ 129 pelo serviço em seis estados (MG, PR, RJ, RS, SC e SP), enquanto os
valores da Descarte Certo (de cobertura nacional) variam entre R$ 39,90 e R$
129,90.
MEDICAMENTOS
As substâncias químicas dos remédios podem contaminar a água
e o solo. Por isso, o destino deles passa longe de ser o lixo comum, a pia ou o
vaso sanitário.
Como e onde descartar: o programa Descarte Consciente
recolhe os medicamentos fora de uso (pomadas, comprimidos, líquidos e sprays,
vencidos ou não) em farmácias de nove estados (CE, ES, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e
SP) e no Distrito Federal. Nas demais regiões, deve-se procurar informações nas
Unidades Básicas de Saúde (UBS). Importante: sempre que possível, mantenha o
remédio em sua caixa original para preservar os dados de fabricação e de
validade.
MÓVEIS E OBJETOS FORA DE USO
Cortinas, roupas, mobiliário antigo - já pensou em tentar
repaginá-los? Caso a peça esteja em bom estado, outra possibilidade é oferecer
a conhecidos ou a entidades sociais em seu bairro que aceitem doações, a
exemplo do Exército da Salvação (RJ, SC e SP) e das Casas André Luiz (SP). Por
fim, algumas companhias de seguro residencial, como a do banco Itaú, retiram
gratuitamente móveis e eletrodomésticos na casa de seus clientes e encaminham
para o descarte ecológico.
ÓLEO DE COZINHA
Nunca jogue-o pelo ralo ou no vaso sanitário: 1 litro polui
até 25 mil litros de água, além de provocar o entupimento de canos.
Como e onde descartar: armazene os resíduos em um vasilhame
com tampa. A rede Pão de Açúcar disponibiliza estações de reciclagem em oito
estados (CE, GO, PB, PE, PI, PR, RJ e SP) e no Distrito Federal. Já a campanha
Junte Óleo, do Instituto Triângulo, troca 2 litros da gordura por duas pedras
de sabão ecológico em mais de 12 cidades paulistas. Se não houver coleta em sua
cidade, jogue as embalagens, bem fechadas, no lixocomum.
PILHAS E BATERIAS
Mercúrio, cádmio, chumbo e zinco-manganês são algumas das
substâncias presentes nesses itens. E fica a dica: baterias piratas para
celular duram menos e podem conter até dez vezes mais mercúrio que os produtos
de venda legal.
Como e onde descartar: diversas redes de supermercado e
drogarias recolhem pilhas e baterias, e a Duracell disponibiliza em seu site
uma lista de postos de coleta. Em municípios dos estados de São Paulo, Minas
Gerais e Bahia, os caminhões da rede Ultragaz também aceitam esse tipo de
material. Outra alternativa são as caixas coletoras do programa Papa-Pilhas nas
agências do banco Santander, que recebem pilhas, baterias, celulares e
eletrônicos portáteis.
PNEUS
Nada de largá-los em ruas, terrenos baldios e muito menos no
quintal, pois juntam água e viram criadouros de mosquitos da dengue.
Como e onde descartar: devolva ao fabricante ou revendedor
quando trocar os pneus. As empresas têm a obrigação, por lei, de dar um
destinoadequado a esses resíduos. A Reciclanip, iniciativa da Associação
Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip), fornece em seu site os telefones
de pontos de coleta no Brasil inteiro.
RADIOGRAFIAS
As chapas de raio X têm prata em sua composição, que, quando
reciclada corretamente, pode ser reutilizada na confecção de joias e objetos.
Como e onde descartar: em São Paulo, o Hospital das Clínicas
recolhe as lâminas e o dinheiro arrecadado em sua reciclagem é doado ao Fundo
Social de Solidariedade do governo. O site eCycle indica postos de coleta de
radiografias (e de outros materiais recicláveis) em todo o país.
SERINGAS, AGULHAS E LIXO HOSPITALAR
As seringas para aplicação de medicamentos, como as
utilizadas com insulina por diabéticos, não devem ir para o lixo comum, já que
existe risco de contaminação ao meio ambiente e de transmissão de doenças
sanguíneas àqueles que manusearem o material.
Como e onde descartar: acondicione agulhas e seringas com
tampa em uma garrafa plástica que possa ser fechada (como a de água sanitária).
Quando encher o recipiente, leve-o a um posto de saúde. Fabricantes de
instrumentos cirúrgicos também fornecem coletores específicos (a embalagem de
papelão de 8 litros da Ravapack custa R$ 8,20 na Rimed).
TERMÔMETROS DE MERCÚRIO
Assim como as lâmpadas fluorescentes, podem causar danos
quando quebrados. Na dúvida, escolha sempre um modelo digital.
Como e onde descartar: não há um procedimento oficial. A
recomendação é depositar o item em sua embalagem plástica nos mesmos locais
paradescarte de pilhas e lâmpadas fluorescentes. Algumas farmácias e hospitais
também recolhem o material.
COMO DESCARTAR ENTULHO DE OBRA?
Apesar de não apresentar grandes riscos de contaminação,
esse tipo de resíduo pode atrair ratos e baratas, além de gerar acúmulo de água
e, consequentemente, focos de dengue. A resolução 307 do Conselho Nacional do
Meio Ambiente (Conama), de 2002, estipula que os municípios são os responsáveis
pelo gerenciamento dos restos da construção civil. Ou seja: na hora de eliminar
entulho, informe-se na prefeitura de sua cidade.
Como e onde descartar: em São Paulo, os lixeiros recolhem
até 50 kg de entulho por dia - embale o material em sacos bem resistentes.
Ecopontos da prefeitura recebem até 1 m³ (confira os endereços no site doInstituto Akatu). Acima disso, é necessário contratar uma caçamba licenciada
(verifique as empresas cadastradas). E não se esqueça de pedir uma via do
registro do Controle de Transporte de Resíduo, que comprova que a entrega foi
feita em locais apropriados. No Rio de Janeiro, a Companhia Municipal de
Limpeza Urbana (Comlurb) realiza gratuitamente a remoção de até 50 sacos de 20
litros em todos os bairros da cidade. Se superar essa quantidade, socilite uma
caçamba. A Associação Brasileira paraReciclagem de Resíduos da Construção Civil
e Demolição (Abrecon) lista endereços de ecopontos em diversos estados.
Fontes consultadas: Associação Brasileira para Reciclagem de
Resíduos da Construção Civil e Demolição (Abrecon), Associação de Diabetes do
ABC (ADIABC), Ana Maria Domingues Luz (Instituto Gea), Casas André Luiz,
Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre), Cláudio Spínola (Morada da
Floresta), Comitê para a Democratização da Informática (CDI), Companhia
Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), Descarte Certo, Descarte Consciente,
Ecoassist, eCycle, E-Lixo Maps, Exército da Salvação, Dell, Duracell, Hospital
das Clínicas, HP, Instituto Akatu, Instituto Triângulo, Itaú, Itautec, Leroy
Merlin, Osram, Pão de Açúcar, Reciclanip, Santander, Thiago Villas Bôas Zanon
(engenheiro ambiental) e Ultragaz.
*Preços pesquisados em 12 de novembro de 2012, sujeitos a
alteração.
Fonte: Planeta Sustentável