Uma pesquisa feito na Bacia do Rio Madeira, em Porto Velho,
encontrou peixes que não passam dos 30 centímetros de comprimento e que possuem
estruturas ósseas, morfologia dentária, padrão de cores, olhos e número de
escamas nunca antes descritos pela ciência. As 40 novas espécies ainda serão
catalogadas e reconhecidas cientificamente.
Seja em dois metros de profundidade, seja em 60 metros, o
Rio Madeira não para de surpreender. A maior parte dos novos animais
encontrados são de pequeno porte, que dificilmente atingem mais de 15
centímetros e são encontrados em profundidades de dois a 60 metros.
Entre as novas espécies encontradas, o maior animal
registrado mede 30 centímetros e recebeu o nome de Ageneiosus spn. Vittatus,
tem a cabeça alongada e com um filamento que se parece com uma antena, é da cor
branca com listras marrons. Como ainda estão sendo estudadas, não se sabe muito
sobre os hábitos e comportamentos destas novas espécies.
"Descobrir exemplares novos também pode ser um
indicativo de que determinada espécie está se extinguindo antes que possamos
conhecê-la e isso pode ser um reflexo da interferência humana no
ecossistema", reflete o biólogo e coordenador do inventário taxonômico da
pesquisa, João Alves de Lima Filho.
A pesquisa
Foram monitorados 1,7 mil quilômetros do Rio Madeira, entre
os estados de Rondônia, Mato Grosso e Amazonas. Foram catalogadas 907 espécies,
o que garante ao Rio Madeira o primeiro lugar como o rio mais em diversidade de
peixes do mundo.
Uma coleção de ictiofauna [estudo dos peixes] está sendo
montada por biólogos e pesquisadores da Universidade Federal de Rondônia (Unir)
a partir do resultado do monitoramento, que foi desenvolvido durante quatro
anos para conhecer as consequências da construção da Usina Hidrelétrica Santo
Antônio.
Os estudos fazem parte das condicionantes impostas pelo Instituto
Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos
Naturais Renováveis (Ibama) para a liberação da Licença de Operação à
concessionária Santo Antônio Energia.
Esta já é a coleção que possui o segundo maior banco de
registros genéticos do Brasil, com 16 mil amostras e também o terceiro maior em
número de espécies.
Segundo o biólogo coordenador da coleção, João Alves, todas
os indivíduos que não foram identificados estão em processo de estudo.
O estudo é feito manualmente, a medição e análise das
caracteríscas e do ambiente. Além disso, é feita a aferição do código genético
dos animais encontrados.
"No final, para divulgação da nova espécie e suas
especificidades é redigido um artigo científico que é publicado para que a
comunidade científica tome conhecimento da descoberta", conta João Alves.
Em novembro, a Unir espera que pelo menos uma das novas
espécies seja reconhecida. "Um dos nossos pesquisadores está finalizando o
artigo sobre um dos novos animais descobertos. Essa seria uma nova espécie de
lambari”, antecipa João.
O estudo para a publicação de um artigo como este demora em
média um ano e meio. “O primeiro passo é descrever essas espécies, e
posteriormente iniciar os estudos de sua biologia e ecologia”, conta João
Alves.
Monitoramento e captura
Os pesquisadores vão à campo no Rio Madeira e seus afluentes
com uma metodologia padronizada de captura dos animais.
Todo os espécies coletados em campo passam por um processo
de análise e armazenamento específico para que possa fazer parte da coleção de
estudos e para poder durar até 150 anos em bom estado de conservação.
Fonte: Globo.com