sexta-feira, 21 de setembro de 2012

ONG cria medalha para árvores centenárias que resistem em SP

Uma campanha pela preservação das árvores mais antigas da cidade de São Paulo está sendo lançada nesta sexta-feira (21) pela fundação SOS Mata Atlântica. Consideradas "veteranas de guerra" por terem sobrevivido à grande urbanização da metrópole, 20 plantas centenárias foram escolhidas para receber medalhas de honra e placas de bronze como agradecimento pelos serviços prestados à população.


A ideia é chamar a atenção das pessoas para estes "monumentos", resquícios da vegetação nativa da capital paulista, a Mata Atlântica, ressalta o botânico Ricardo Cardim, parceiro da fundação e responsável pela escolha das árvores. "Sâo Paulo já teve uma biodiversidade grande, que foi muito destruída com a urbanização", aponta ele. "Essas árvores carregam uma história biológica e cultural da cidade."


As plantas são jatobás, ceboleiros, chichás, figueiras e jequitibás, entre outras, e estão situadas em vários locais, como no Largo do Arouche, no Centro da cidade; no Parque Ibirapuera, na Zona Sul; em uma escola de Santo Amaro, também na Zona Sul; e no Parque do Carmo, na Zona Leste.

A árvore mais antiga documentada na cidade fica no Sacomã, na Zona Sul, segundo a SOS Mata Atlântica. Chamada de figueira-das-lágrimas, ela tem mais de 200 anos, na avaliação de Cardim. O botânico estima que ela seja do final do século 18. "Podemos falar que [a planta] é o mais antigo paulistano vivo, e foi esquecido, jogado em um cantinho."

No local onde está a planta passava, no século 19, a estrada que ligava o Porto de Santos a São Paulo, ressalta a ONG em nota enviada à imprensa. Como a árvore demarcava o fim da capital paulista e servia de referência para despedidas de pessoas que seguiam ao litoral, o seu apelido incluiu as "lágrimas".

Por baixo da copa da árvore passaram soldados da Guerra do Paraguai e inclusive Dom Pedro I, indo para o local da proclamação da Independência em 1822, segundo a nota da SOS Mata Atlântica. "Para dar uma ideia da antiguidade da árvore, ela assistiu Dom Pedro passar", brinca Cardim.

Protetora
A figueira-das-lágrimas tem uma cuidadora, ressalta o botânico, fundador da rede "Árvores de São Paulo". Trata-se de Yara Rodrigues Caldas, de 55 anos, que mora no entorno do local onde está a árvore.

Yara diz passar todos os dias pelo local onde está a figueira-das-lágrimas para limpar e cuidar dela. Ela começou a tomar conta da árvore em 1974, um ano após ter se mudado para a região. "Eu varro todo dia. Tem que cuidar da árvore como a gente cuida da casa da gente", afirma a moradora.

A campanha quer incentivar a população a conhecer e acompanhar as árvores selecionadas, além de permitir o cadastro de outras árvores antigas da cidade.

Pelo site www.veteranasdeguerra.org, é possível se cadastrar e adotar uma das plantas. Os cadastrados podem monitorar a situação das árvores, descrever a situação em que se encontram, incluir fotos, textos e compartilhar nas redes sociais.

Os "padrinhos" das árvores também poderão entregar medalhas virtuais às árvores pela força, perseverança e outras qualidades, além de enviar e-mails para órgãos públicos toda vez que algum problema ou irregularidade afetar uma planta "veterana".

Fonte: Globo.com 




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