A Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental - Seção São Paulo, através da Câmara Técnica de Saúde Pública, promoveu, nos dias 18 e 19, em parceria com o CEAP da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, o curso Padrões de Potabilidade de Água - O que são e como são derivados.
Realizado na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, na zona oeste de São Paulo, o curso foi dirigido a profissionais de diversas áreas, envolvidos direta, ou indiretamente, com a questão da qualidade da água para consumo humano.
O treinamento foi ministrado por Gisela de Aragão Umbuzeiro, Toxicologista Ambiental, especialista em genética toxicológica e toxicologia regulatória. Gisela ainda é Bióloga, mestre e doutora pela Universidade Estadual de Campinas. A instrutora, que já publicou mais de 60 trabalhos científicos em revistas nacionais e internacionais, e é autora de livros e diversas produções técnicas, falou sobre a importância de se realizar um curso voltado para este tema.
“O mais importante especialmente porque tem gente do Brasil inteiro, é aumentar o conhecimento sobre o que são esses padrões e utilizar isso para uma melhor gestão do recurso hídrico. Hoje a desinformação nessa área é muito grande, acredita-se somente que temos que atender a lei, seguir os números certos, quando na verdade podemos ter números para infinitas substâncias químicas. O curso abre essa perspectiva para que as pessoas possam começar a calcular os seus próprios critérios de qualidade de água”, afirmou Gisela.
Gisela Umbuzeiro ministrou o curso realizado na Faculdade de Saúde Pública da USP
Seguindo o conteúdo programático divulgado, o treinamento abordou os conceitos básicos sobre avaliação da toxicidade, classificação das substâncias químicas, priorização de compostos e compostos emergentes, avaliação da exposição, incertezas associadas, avaliação e gerenciamento do risco toxicológico; definição e métodos utilizados para a derivação de critérios de qualidade de água para os diferentes usos da água, novos paradigmas e abordagens regulatórias.
Também foram discutidos os protocolos para derivação de critérios de potabilidade de diferentes países, valores máximos adotados e valores para emergência; exercícios de derivação de critérios de potabilidade e as bases de dados disponíveis, além das limitações analíticas e tecnológicas de tratamento e consequências para o estabelecimento de padrões.
Por fim, a instrutora fez uma avaliação crítica da atual portaria 2914/2011 e as interfaces com as normas legais brasileiras (Conama 357/2005, Conama 396/2008 e Conama 420/2009).
Ainda foi fornecido como material didático aos participantes do curso, o livro “Guia de potabilidade para substâncias químicas”. Organizado pelo Grupo Técnico Químico da Câmara Técnica de Saúde Pública da ABES e coordenado por Gisela Umbuzeiro, o livro tem como objetivo oferecer subsídios técnico-científicos para que os setores de Saúde, Meio Ambiente, Saneamento, Recursos Hídricos, Agências Reguladoras, Ministério Público e entidades privadas possam iniciar uma discussão sobre o complexo processo de priorização de substâncias químicas a serem regulamentadas no Estado de São Paulo, critérios a serem adotados, limitações tecnológicas e ferramentas para proteção da saúde de populações que consomem águas fora dos padrões de potabilidade ou oriundas de áreas contaminadas. Além de apresentar um passo a passo de como se derivam critérios de qualidade para água de consumo humano, a publicação também discute saúde ambiental e apresenta uma lista de biomarcadores de exposição, que podem ser utilizados em populações expostas em áreas contaminadas.