Conheça alguns dos sinais que indicam que o planeta
está passando por maus bocados e que a humanidade pode ser tão culpada quanto
vítima das mudanças
Para muitos, a mudança climática pode parecer um problema
distante, vago e complexo a ser resolvido pelas próximas gerações. Mas o ritmo
das transformações pelas quais o mundo vem passando está se acelerando e seria
um perigo ignorar isso. “São mudanças que deixam marcas reais e muitas vezes
doloridas sobre as pessoas, os animais, os ecossistemas e os recursos naturais
dos quais todos nós dependemos”, afirma a campanha mundial lançada no dia 22 de
abril em homenagem ao Dia da Terra. Conheça nos próximos slides alguns dos
sinais de que o planeta está passando por maus bocados e de que a humanidade
pode ser tão culpada quanto vítima dessa transição.
Está cada vez mais quente
O ano de 2012 foi o nono mais quente desde que os cientistas
começaram a registrar a temperatura da Terra, em 1850, somando-se à série
histórica de anos com temperaturas recordes – registradas entre 2001 e 2011.
A média da temperatura do ano passado foi de 14,6 graus, 0,8
grau a mais que em 1880, segundo análise da Nasa. Com o aumento das
concentrações de gases efeito estufa a situação pode piorar.
Desertificação afeta 168 países
A transformação de áreas em desertos é um fenômeno que já
afeta 168 país no mundo hoje, ante 110 nações duas décadas atrás. Só na África,
a degradação da terra compromete entre 4% e 12% do PIB agrícola, segundo
projeções da ONU. Nos EUA, a seca severa já custa 490 milhões de dólares ao ano
e afeta uma área três vezes o tamanho da Suíça.
Zonas mortas
Atualmente, existem cerca de 500 zonas mortas no mundo, que
cobrem mais de 245 mil quilômetros quadrados, quase a superfície inteira do
Reino Unido. São zonas litorâneas onde a vida marinha foi praticamente sufocada
pela poluição.
Emissões não param de subir
As emissões de gases de efeito estufa, vilões do aquecimento
global, não param de crescer. Elas alcançaram novos níveis recordes em 2011,
segundo a Organização Meteorológica Mundial. Para se ter uma ideia, as emissões
de CO2 subiram 2,5 por cento em 2011, atingindo 34 bilhões de toneladas.
Já a sua concentração na atmosfera aumentou no 2,0 ppm
(partes por milhão), depois de subir 2,3 ppm em 2010. O CO2 é responsável por
85% do aquecimento global registrado nos últimos 10 anos.
Energia de hoje é tão suja quanto há 20 anos
O desenvolvimento mundial das tecnologias de energia limpa
continua bem abaixo do nível necessário para evitar os piores impactos das
mudanças climáticas, advertiu a Agência Internacional de Energia (AIE), em seu
relatório anual sobre o progresso de fontes limpas.
Na prática, os investimentos bilionários já realizados em
prol de tecnologias mais limpas está sendo anulado pelo crescimento do uso de
fontes sujas. Para se ter uma ideia do descompasso, enquanto a geração de
combustível não-fóssil cresceu cerca de um quarto entre 2000 e 2010, o aumento
da geração a partir do carvão no mesmo período foi de 45%.
Ar irrespirável
A poluição do ar nas grandes cidades tem alcançado níveis
nada seguros para a saúde humana. Por ano, em todo o mundo, mais de 3 milhões
de pessoas morrem em decorrência da poluição atmosférica. Em muitos países não
existe qualquer regulamentação da qualidade do ar e, quando elas existem, as
normas nacionais e sua aplicação variam muito.
Rios de água suja
A cada 20 segundos, uma criança morre de doenças diarreicas,
em grande parte evitáveis por meio de saneamento adequado, melhor higiene e
acesso a água segura. Por ano, 1,5 milhão de crianças morrem do mesmo problema.
Todos os anos, 3,5 milhões de pessoas morrem no mundo por problemas
relacionados ao fornecimento inadequado da água, à falta de saneamento e à
ausência de políticas de higiene, segundo a ONU.
Derretimento recorde afeta as geleiras...
Quatro trilhões de toneladas. Esse é o volume estimado de
gelo que derreteu ao longo dos últimos 20 anos na Groelândia e na Antártica,
segundo um estudo realizado por uma equipe internacional de pesquisadores
apoiados pela NASA e pela Agência Espacial Europeia (ESA). O volume de gelo que
virou água no período contribuiu para o aumento de 11 milímetros no nível do
mar, uma forte evidência do aquecimento global. E vem mais por aí. Juntas,
essas duas camadas estão perdendo até três vezes mais gelo por ano (equivalente
a um aumento de 0,95 milímetros no nível do mar) do que na década de 1990 (com
aumento de 0,27 milímetros). Cerca de dois terços da perda está vindo da
Groenlândia, e o restante da Antártica.
...e o degelo está 10 vezes mais rápido
O degelo da Antártica durante o verão está acontecendo num
ritmo 10 vezes mais rápido que há 600 anos, segundo um estudo internacional
publicado na revista Nature Geoscience. Embora o aquecimento também tenha
causas naturais e aconteça de forma regular há centenas de anos, o degelo se
intensificou nos últimos 50 anos, a medida que aumentava a atividade industrial
no mundo.
Em contrapartida, o mar sobe...
Um estudo recente relaciona a elevação do Pacífico às mudanças
climáticas. As águas subiram cerca de 20 centímetros nos últimos 200 anos.
Segundo os pesquisadores, os maiores picos na elevação do nível do mar
aconteceram entre 1910 e 1990, o que pode estar vinculado a intensificação das
atividades industriais.
O Atlântico também está subindo. De acordo com um estudo
publicado pela revista Nature Climate Change, o nível do mar em uma faixa
costeira atlântica nos Estados Unidos, incluindo as cidades de Nova York e
Boston, aumenta até quatro vezes mais rapidamente do que a média mundial.
...e também "salga"
Uma pesquisa feita por cientistas australianos sugere que as
mudanças climáticas podem estar afetando o ciclo hídrico da Terra. A suposição
vem do fato de, nos últimos 50 anos, a concentração de sal nos corpos de água
do planeta ter mudado de forma muito rápida. Enquanto algumas áreas, como a
costa do Pacífico da América do Norte à Rússia, ficaram mais doces, outras
estão mais salgadas, caso do Atlântico. A co-autora da pesquisa, Susan
Wijffels, afirmou que os números são reveladores porque a salinidade era
indicativa de mudanças no ciclo de chuva e evaporação.
Os corais pedem ajuda
A maior barreira de corais do planeta vive uma crise
ambiental sem precedentes. Relatório recente mostra que a Grande Barreira de
Corais Australiana já perdeu mais da metade de sua cobertura (50,7%) nos
últimos 27 anos. E, se nada for feito na próxima década, podem restar apenas 5%
da formação no ano de 2022. Não para aí. Segundo pesquisa global com mais de
700 espécies de corais, aproximadamente 33 % delas estão ameaçadas de extinção
com o crescente aumento de temperatura do planeta.
1 em cada 5 vertebrados corre risco
Uma pesquisa publicada na revista Science mostra que as
populações de mamíferos, aves, anfíbios, répteis e espécies de peixes
apresentou queda de 40% nos últimos 40 anos. De acordo com o relatório "A
Perda das Espécies", realizado em conjunto por mais de 100 zoólogos e
botânicos de todo o mundo, a cada semana, uma nova espécie é adicionada à lista
de ameaçadas de extinção, risco que atinge um quinto dos vertebrados do mundo.
Múltiplos fatores têm contribuído para o desaparecimento de
animais, entre eles a conversão de terra agrícola, exploração excessiva,
crescimento populacional, a poluição e o impacto de espécies exóticas
invasoras.
Espécies estão "perdendo o rumo"
A elevação das temperaturas tem causado o que os cientistas
chamam de “estresse térmico” no mundo animal. Durante vinte anos, pesquisadores
europeus vêm estudando o movimento de populações de aves e borboletas no
continente frente às mudanças cada vez mais constantes no clima. O resultado
preocupa: os animais simplesmente não conseguem migrar na velocidade necessária
para habitats com condições propícias para alimentação e procriação e correm
risco de desaparecer ao se concentrarem em regiões com clima mais hostil. Ou
seja, as aves e borboletas europeias estão voando para longe de seus habitats
mais adequados, sofrendo com o tal “estresse térmico”.
Eventos extremos – e caros
De acordo com um relatório divulgado pela Organização das
Nações Unidas (ONU), as catástrofes ambientais causaram um prejuízo recorde de
138 bilhões de dólares para a economia mundial em 2012. O furacão Sandy foi o
mais caro, custando 50 bilhões para economia americana. Tufão Bopha nas
Filipinas deixou 1901 mortos.
O uso desgovernado de pesticidas preocupa...
O mundo está vivendo um boom no uso de
pesticidas na agricultura, que é liderado pelo Brasil. Por aqui, a aplicação de
agrotóxicos nas culturas cresceu nada menos do que 190% entre 2009 e 2010,
enquanto no resto do mundo o mercado se expandiu 93%. Na ponta do lápis, o país
consome 19% de todos os pesticidas usados no mundo.
...assim como a poluição por nitrogênio
Desde 1990, a China tornou-se o maior consumidor de
fertilizantes nitrogenados do mundo, que, apesar de ajudarem no crescimento
rápido do cultivo, aumentando a oferta de alimentos, também poluem e deterioram
o solo quando usados de forma indiscriminada. Um estudo publicado pela revista
Nature indica que a poluição por nitrogênio aumentou 60% em 30 anos no país,
uma ameaça para os ecossistemas e a saúde humana.
Mudanças radicais à mesa
Um estudo feito pelo Grupo Internacional de Consulta em
Pesquisa Agrícola (CGIAR, na sigla em inglês) para as Nações Unidas sugere que
o aquecimento global pode comprometer, até 2050, cerca de 20% da produção
trigo, arroz e milho – as três commodities agrícolas mais importantes e que
estão na base de metade das calorias consumidas por um ser humano.
É uma perda preocupante, contra a qual será preciso lutar,
sob a dura pena de mergulhar bilhões de pessoas na fome – um mal que atinge um
em cada sete habitantes do planeta.
Toneladas de alimentos vão pro lixo
Um estudo revela que entre 30 e 50% dos alimentos
disponíveis no mundo não são consumidos, o que se traduz no desperdício de até
2 bilhões de toneladas de comida por ano. Segundo o relatório Global Food;
Waste not, Want not, o desperdício é
fruto de condições inadequadas de armazenamento e transporte, adoção de prazos
de validade curtos, ou compra excessiva por parte dos consumidores. Outro
problema é a preferência dos supermercados por alimentos “perfeitos” em termos
de formato, cor e tamanho.
Entulho pós-moderno só aumenta
O acesso fácil às tecnologias modernas tem um efeito
colateral difícil de se digerir. Anualmente, segundo dados da ONU, o mundo gera
em média 40 milhões de toneladas de lixoeletrônico por ano. A maior parte vem
de países emergentes, como o Brasil, que ainda não possuem sistema de gestão
eficiente para lidar com esse tipo de material. Artefatos eletroeletrônicos
contêm materiais que demoram a se decompor – plástico, metal e vidro – e outros
altamente prejudiciais à saúde, como mercúrio, chumbo, cádmio, manganês e
níquel.
Vai faltar planeta
Já somos sete bilhões de pessoas no mundo, comendo, usando
energia, poluindo e consumindo cada vez mais produtos em um planeta finito. A
pressão sobre os recursos naturais só aumenta. Segundo o Global Footprint
Network, uma organização de pesquisa que mede a pegada ecológica do homem no
planeta, a diferença entre a capacidade de regeneração da natureza e o consumo
humano gera um saldo ecológico negativo que vem se acumulando desde a década de
80, também estimulado pelo crescimento populacional.
Multiplicação das cabras
Fonte: Exame