Verde é a palavra de ordem na capital inglesa. Dos estádios
ao transporte, nada fica de fora dos planos de Londres realizar os Jogos
Olímpicos mais sustentáveis de que o mundo já teve notícia. Confira a seguir
algumas soluções ecológicas adotadas:
Aeroporto com carrinhos elétricos
O principal aeroporto da cidade, o Heathrow International -
que deve receber pelo menos 80% de todos os atletas, dirigentes e espectadores
das Olimpíadas -, inaugurou um sistema de carrinhos elétricos, que dispensam
motorista, usados para levar os passageiros do aeroporto aos bolsões de
estacionamento e vice-versa. Cada veículo, que comporta até quatro pessoas,
trafega sobre uma pista exclusiva a uma velocidade de até 40 km/h e tem emissão
reduzida de poluentes.
Ao passageiro, cabe o simples trabalho de acionar em uma
tela o destino desejado. O tempo da viagem entre o terminal e o estacionamento
é de cerca de quatro minutos. Os "Ultra", como são chamados, fazem
parte do programa "Sistema de trânsito pessoal rápido" (PRT, na sigla
em inglês) e substituíram alguns dos ônibus a diesel usados para transporte de
passageiros no aeroporto. Além do ganho ambiental óbvio, o sistema ajuda a
evitar lotações e diminuir o tempo de espera. Uma solução prática, eficiente e
sustentável.
Arenas recicláveis
Depois de um grandioso espetáculo cheio de pirotecnia em
2008, Pequim ainda não encontrou finalidades para alguns de seus estádios. Para
não cometer o mesmo erro, Londres evitou as sedutoras megaconstruções olímpicas
que, além de pressionar o orçamento, se tornam muitas vezes um problemão após
as competições. Exemplo disso é a arena que abrigará os Jogos Olímpicos e
Paraolímpicos de basquete. Erguida dentro dos padrões da construções
sustentáveis - que balizaram todo o projeto inglês - a arena é totalmente
reciclável. Ao final dos jogos, toda sua estrutura - dos bancos às quadras,
passando pelo esqueleto de mil toneladas de aço e a cobertura inflável de PVC
branca - poderá ser desmontada e reutilizada em outras instalações esportivas
pelo país. A arena que vai sediar a modalidade pólo aquático também segue a
mesma premissa de temporalidade. Erguida a partir de materiais de plástico
reciclado, ela será desmontada ao término dos jogos.
Em fevereiro, Londres instalou um moderno e inovador sistema
de coleta seletiva: lixeiras inteligentes equipadas com duas telas LCD uma em
cada lado, que são sensíveis ao toque e transmitem notícias em tempo real.
Diariamente, das 6h às 23h59, os aparelhos de coleta seletiva reproduzem
informações do mercado financeiro, meio ambiente, de cultura e arte,
generalidades e previsões do tempo. Há planos, inclusive, de garantir
conectividade Wi-Fi na temporada dos jogos olímpicos. A ideia por trás da
atratividade do aparelho é uma só: chamar atenção da população para aumentar a
taxa de reciclagem da cidade.
Imagine ser recompensado monetariamente por deixar o carro
em casa e ir a pé ou de bicicleta para o trabalho? Com a aproximação dos jogos
olímpicos, essa é a tática que a prefeitura de Londres pretende adotar para
estimular a mobilidade sustentável, reduzir a poluição e os níveis de
congestionamento. Por trás do bônus verde está a empresa Recyclebank que, em
parceria com a companhia de transporte municipal Transport for London (TfL),
criou um aplicativo para smartphone capaz de mensurar e pontuar os
deslocamentos por meios alternativos de cada pessoa. Quando um usuário digita o
destino de sua viagem, o app re.route sugere rotas para percorrer a pé ou de
bike. Quem segue uma das vias alternativas ganha cinco pontos de recompensa,
que são então convertidos em prêmios resgatáveis na forma de descontos em lojas
e cinemas conveniados. Disponível apenas para iPhone, o aplicativo começou a
valer em maio e no futuro há planos de gerar uma versão para Android.
Árvore solar
Postes com formas orgânicas abastecidos por energia
renovável vão iluminar a cidade até setembro para homenagear os Jogos Olímpicos
e Paraolímpicos de Londres. Idealizados pelo designer Ross Lovegrove, famoso
por misturar ciência, tecnologia e natureza em seus projetos, os postes em
formato de árvores brotaram em Londres em maio por ocasião da Clerkenwell
Design Week, uma feira com o que há de mais visionário no setor. Com folhas
equipadas com células fotovoltaicas que transformam a luz do sol em
eletricidade, o poste tem galhos de LED que acendem automaticamente quando
escurece.
Frota de táxi ecológicos
A frota de táxis londrinos passou por uma repaginada verde.
No início de fevereiro, começaram a circular pela ruas da cidade os primeiros
modelos do Fluence Z.E, o sedã da Renault totalmente movido a eletricidade.
Disponibilizados pela firma britânica de transporte sustentável Car Climate, o
veículo é alimentado por baterias de lítio que proporcionam uma autonomia de
160 quilômetros sem emitir um grama sequer de CO2. Os carros podem ser
encontrados no centro da cidade, região com maior concentração de estações de
recarga elétrica. A tarifa é igual à cobrada pelos táxis tradicionais. Parte
dos icônicos Black Cabs londrinos também ganharam por uma repaginada verde,
passando a rodar com células a hidrogênio no lugar de diesel, fonte
significativa de poluição.
Ônibus de dois andares ganha versão ecológica
Um dos principais símbolos de Londres ganhou ares mais
modernos e ficou mais ecológico. O tradicional ônibus vermelho de dois andares
foi adaptado para receber de forma mais adequada as pessoas com dificuldade de
mobilidade e também gerar menos poluição. Os novos modelos, que começaram a
circular em fevereiro, são equipados com uma tecnologia híbrida, que usa eletricidade
e diesel "verde", que emite metade dos gases poluentes de uma versão
convencional, e tem o dobro da eficiência no aproveitamento de combustível.
Um evento das dimensões das Olimpíadas precisa ter um senhor
esquema de coleta de lixo - que não será pouco. Além dos coletores de
recicláveis, Londres aposta em embalagens biodegradáveis, principalmente as
usadas na alimentação. Por isso, toda comida ou bebida vendida dentro do parque
olímpico e nas arenas dos jogos deverão ser feitas de material compostável. Os
organizadores estimam que 40% de todo o resíduo gerado nas instalações
olímpicas virá da alimentação.
"Cola mágica" contra poluição
As ruas de Londres recebem, desde o começo do ano, uma
solução química capaz de atrair partículas de poeira fina do ar e prendê-las ao
asfalto. Um veículo especial asperge uma solução de acetato de magnésio de
cálcio, que tem o curioso efeito de atrair partículas de poeira fina em
suspensão e prendê-las ao asfalto. Uma vez capturada, a poeira é recolhida pelo
movimento contínuo dos pneus de carros ou lavada pela chuva. Segundo o
excêntrico prefeito Boris Johnson, dá para reduzir em até 10% a concentração de
partículas de poeira no ar, melhorando a condição da atmosfera.
Megaprojeto de descontaminação
Um dos carros-chefes do projeto das Olimpíadas verdes de
Londres foi a revitalização de uma antiga zona industrial no distrito de
Stratford para a construção do Parque Olímpico. A maior operação de
descontaminação já feita no Reino Unido precisou de quatro anos de trabalho
intenso e mais de 230 milhões de reais investidos para livrar de componentes
tóxicos 2 milhões de toneladas de solo contaminado. O complexo de 2,5
quilômetros quadrados hoje conta com uma cobertura vegetal frondosa de 4 mil
ávores e 300 mil plantas aquáticas.
Fonte: Exame