Estudo mostra que o desenvolvimento ainda não está tão
sustentável assim
Há muito que falamos em desenvolvimento sustentável, já que
a situação de urgência do planeta chegou a tal ponto que não podemos mais
ignorar os impactos ambientais causados por nós mesmos. E a sustentabilidade se
tornou tema central pautado sempre em projetos de desenvolvimento econômico e
tecnológico. A tendência das práticas sustentáveis seria a dissociação do uso
de recursos naturais para o crescimento econômico e, pelos cálculos, isso
parecia estar funcionando, mas um estudo publicado na Proceedings of theNational Academy of Sciences revelou que o tipo de cálculo que estava sendo
utilizado não fornecia a quantia real de matéria-prima gasta por cada país.
Uma das ferramentas de cálculo mais comumente utilizadas por
organizações internacionais e por algumas instituições governamentais é o
Material de Consumo Doméstico (DMC, sigla em inglês), o qual considera apenas o
volume de matéria-prima extraída e utilizada domesticamente e também o volume
de material fisicamente exportado. Uma das metas da atualidade é obter a
completa dissociação do uso de recursos naturais do crescimento econômico, para
assim atingir o máximo do desenvolvimento sustentável, e de acordo com esses
indicadores, estaríamos caminhando para esse objetivo.
O estudo realizado por pesquisadores de três universidades
desvendou, no entanto, a omissão de dados importantes nesses indicadores. Eles
desenvolveram um novo modelo, mais abrangente e capaz de mapear o fluxo das
matérias-primas pelo mundo. Uma das razões da necessidade de novos indicadores
é o comércio internacional, do qual países desenvolvidos dependem para obtenção
de recursos naturais. Mas, muitas vezes, esses recursos não saem de seus países
de origem por haver indústrias que utilizam as matérias-primas nos países sedes
das filiais e só exportam o produto final, desequilibrando as estatísticas.
O pesquisador que liderou o estudo, Tommy Wiedmann, afirmou
que estamos consumindo matéria-prima num nível nunca visto antes, e os
resultados confirmam que não houve declínio na demanda de recursos em relação
ao crescimento econômico, e isso é um alerta para que, com esses novos
indicadores, os governos possam tomar as devidas providências.
Utilizando o que eles chamam de “material footprint” (pegada
material), isto é, a quantidade de recursos naturais utilizados ou produzidos
por um país, a pesquisa considerou minérios metálicos, biomassa, combustíveis
fósseis e minerais de construção para o novo cálculo. A partir disso, foi
descoberto que, em 2008, a China foi o país que teve o maior “material
footprint” (MF) em valores absolutos, mas, em contexto internacional, os EUA
são os maiores importadores de recursos, e a China, a maior exportadora. A
Austrália teve o maior MF per capita, chegando a 35 toneladas por pessoa. E em
todos os países industrializados o MF cresceu juntamente com o PIB, ao
contrário do que mostrava o indicador DMC, ou seja, não houve uma aplicação
eficaz do desenvolvimento sustentável. A África do Sul foi o único país que
conseguiu de fato desvincular a dependência em recursos do desenvolvimento
econômico.
Imagem: Confap
Fonte: Phys.org