Relatório apresentado na 1ª Conferência Nacional de Mudanças
Climáticas Globais revela um aumento na temperatura entre 1°C e 6°C no Brasil
até 2100
Começou ontem a 1ª Conferência Nacional de Mudanças
Climáticas Globais (Conclima), que será realizada até sexta-feira desta semana
no Espaço Apas, no Alto da Lapa, em São Paulo. Após um intenso trabalho de 345
pesquisadores que reuniram mais de dois mil trabalhos de grupos de pesquisa
entre 2007 e 2013, foram apresentadas as conclusões do primeiro Relatório de
Avaliação Nacional (RAN1) do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC)
durante a conferência promovida pela FAPESP, a Rede Brasileira de Pesquisa e
Mudanças Climáticas Globais (Rede Clima) e pelo Instituto Nacional de Ciência e
Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-MC).
Infelizmente, as notícias não serão celebradas em ritmo de
carnaval e exigirão fortes medidas para evitar danos maiores. Confira na tabela
abaixo os resultados da principal previsão do relatório:
Na Amazônia, a situação é bem grave, principalmente em
relação aos desmatamentos, e estima-se que esse processo aumente em 40%,
interferindo no ciclo hidrológico, causando a diminuição de chuvas e a
prolongação do período de seca. Os pesquisadores já preveem o risco da
savanização de alguns pontos da Amazônia. Na Caatinga, ainda é pior, pois
existe a possibilidade de ocorrer um processo de desertificação do bioma. E já
tantas vezes protagonista de canções e da literatura brasileira por sua seca, o
Nordeste não sairá tão cedo de sua condição e a situação só tende a piorar.
Vamos agir
As mudanças climáticas terão impactos diretos na
agricultura, geração e distribuição de energia e recursos hídricos e, como
podemos observar, isso não ocorrerá de forma homogênea pelo país. Cada região
sofrerá impactos maiores ou menores e, portanto, é preciso tomar medidas
políticas que atendam às necessidades de cada uma. Os pesquisadores ainda
ressaltam que é preciso ser muito cauteloso nesse momento com projetos de
construções de hidrelétricas, por exemplo, afinal não queremos contribuir com
maiores impactos ambientais e sim diminuí-los. E como sempre, são as camadas da
população de renda mais baixa que sofrerão mais com os problemas advindos
dessas mudanças.
O relatório é um grande alerta e servirá para orientar as
novas estratégias de adaptação e redução desses impactos. O secretário de
Políticas e Programa de Pesquisa e Desenvolvimento (Seped) do Ministério da
Ciência, Carlos Nobre, anunciou que o relatório será dirigente no Plano
Nacional de Mudanças Climáticas, o qual já prevê diminuição em 10% a 15% das
emissões de gases de efeito estufa.
O processo não será nada fácil para um país que possui tantas
fragilidades em termos socioeconômicos, mas talvez isso seja um despertar para
que o Brasil tenha um melhor planejamento de distribuição e investimento nas
regiões e um propulsor para o investimento em tecnologias sustentáveis. O
presidente da Fapesp, Celso Lafer, anunciou a atenção e interesse maiores da
instituição em pesquisas sobre mudanças climáticas.
Charge: Coronel Ezequiel
Fonte: eCycle