terça-feira, 17 de setembro de 2013

ABES apresenta estudos sobre investimentos e perdas de água no 27º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária, em Goiânia

Dois estudos desenvolvidos pela ABES-SP, em parceria com a ABES nacional e a GO Associados, foram apresentados nesta segunda-feira, dia 16, o primeiro dia de painéis do 27º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária, promovido em Goiânia até o dia 19. O evento reúne cerca de cinco mil pessoas, entre gestores públicos, técnicos, engenheiros e profissionais ligados às áreas do saneamento e do meio ambiente. Com auditórios lotados, especialistas do Brasil e exterior abordaram os temas Investimentos em Saneamento e Perdas de Água.  As discussões do Congresso darão origem à “Carta de Goiânia”, documento que será encaminhado pela ABES ao Governo Federal.

No primeiro painel, sobre investimentos, a ABES ressaltou, através do estudo “Entraves ao Investimento em Saneamento” que, além de além de escasso, o investimento em saneamento é pouco eficiente. Um indicador representativo dessa baixa eficiência é o índice de perdas de água médio brasileiro, calculado em 37,4% pelo SNIS, número provavelmente subestimado.  Outro aspecto preocupante é o baixo investimento em pesquisa e desenvolvimento, cuja consequência é a utilização de tecnologias ultrapassadas e menos eficientes do ponto de vista operacional.

Segundo o estudo, a universalização do saneamento no Brasil exige ações em duas frentes. A primeira é aumentar o patamar de investimentos, que se encontra em níveis muito baixos. A segunda é aumentar a eficiência do investimento, diminuindo o custo do incremento marginal de capacidade de atendimento em água e esgoto.

A mesa foi coordenada por Luiz Otávio Mota Pereira, com participação de José Carlos de Sousa e Castro, vice-presidente regional da Regional São Paulo do Sindicato Nacional da Arquitetura e da Engenharia, Gesner de Oliveira, da GO Associados, Valdir Folgosi, Presidente da SINDESAM-ABIMAQ, Alceu Guérios Bittencout, presidente da ABES-SP, e Luiz Roberto Gravina Pladevall, presidente da APECS e membro da diretoria da ABES-SP.
Na apresentação do segundo estudo da ABES, perdas de água, o debate ressaltou como o cenário brasileiro de perdas de água no setor de saneamento é bastante problemático. A média brasileira de perdas de água é de aproximadamente 40% (incluindo perdas reais e aparentes), mas em algumas empresas de saneamento essas perdas superam 60%. O elevado índice de perdas de água reduz o faturamento das empresas e, consequentemente, sua capacidade de investir e obter financiamentos. Outra preocupação é que as perdas geram danos ao meio ambiente na medida em que obrigam as empresas de saneamento a buscarem novos mananciais. Cases de sucesso no controle de perdas foram apresentados pela Sabesp, de São Paulo, e pela EPAL, de Portugal.

O debate foi coordenado por Hélio Padula, da ABES-SP, com participação de  Luiz Roberto Gravina Pladevall, presidente da APECS e membro da diretoria da ABES-SP, Marcel da Costa Siqueira, da Eletrobras, Fernando Lourenço de Oliveira, da Sabesp, Francisco Serranito, da EPAL, Heber Pimentel Gomes, da Universidade Federal da Paraíba, e  Alexandre Gomes de Souza, da Saneago.
Nesta terça-feira, será apresentado no Congresso o terceiro estudo da ABES, “Soluções Ambientais: oportunidades na gestão de água, esgoto, drenagem e resíduos sólidos”.
Para conhecer os estudos , acesse http://www.abes-sp.org.br/boletim/71-geral/6005-perdas-de-agua-entraves-aos-investimentos-em-saneamento-e-solucoes-ambientais-com-enfase-em-residuos-solidos

Para colaborar com o estudo sobre investimentos, escreva para entraves_contribuicoes@abes-sp.org.br

Para colaborar com o estudo sobre perdas, escreva para perdas_contribuicoes@abes-sp.org.br

Debates propositivos

O presidente da ABES nacional, Dante Ragazzi Pauli, ressaltou nesta segunda, no talk show de abertura do Congresso, o principal objetivo desta edição: realizar debates propositivos que darão origem à “Carta de Goiânia”, documento a ser apresentado ao Governo Federal.

Apresentado pelo jornalista Washington Novaes, o talk show teve as participações do governador de Goiás, Marconi Perillo, de Pedro Wilson Guimarães, diretor de Gestão Ambiental da AMMA/GO, Ernani Ciriaco, representante do Ministério das Cidades, Zilda Maria Faria Veloso, diretora de Ambiente Urbano da Secretaria de Recursos Hídricos e Meio Ambiente, do Ministério do Meio Ambiente, Vicente Andreu Guillo, presidente da ANA, Rogério de Paula Tavares, diretor executivo de Saneamento e Infraestrutura da Caixa Econômica Federal, e Leonardo Moura Vilela, secretário de Meio Ambiente e de Recursos Hídricos de Goiás.

Para Dante Ragazzi Pauli, o Congresso demonstra que há uma verdadeira vontade dos profissionais de saneamento ambiental de reverter a situação de desigualdade verificada no Brasil. “Mas precisamos transformar desejos em ações e, a partir de um evento tão grandioso como este Congresso, ter as respostas adequadas, definitivas e sustentáveis que o setor reclama”, declarou.

O presidente da ABES-SP, Alceu Guérios Bittencourt, destacou a participação de quase cinco mil pessoas no Congresso. “As salas estão lotadas, com alto nível dos debates, o que deve produzir conclusões importantes.”

Experiências europeias são apresentadas durante discussão sobre regulação de tarifas de saneamento

Qual o modelo ideal para o cálculo das tarifas cobradas pelo setor de saneamento nos países europeus? É possível as empresas brasileiras aplicar os modelos utilizados por países como Inglaterra, Espanha, Portugal e País de Gales? Para o professor doutor Rui Cunha Marques do Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa, Portugal, a resposta é sim. E diversos fatores internos e externos influenciam neste cálculo. A doutora Paulina Beato, representante da REPSOL, da Espanha, também abordou as experiências europeias, mas sob uma outra ótica, a dos conceitos da regulação econômica em uma concessionária, os desafios e as lições e exemplos de alguns países do velho mundo. A discussão fez parte do painel “Estado da arte da regulação econômica: aspectos conceituais e práticos”, realizado no auditório Lago Azul do Centro de Cultura e Convenções de Goiânia, durante o 27º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental.

“É preciso adequar os diversos modelos existentes às realidades locais. Acho preferível utilizar o modelo simples, com análises robustas e variações consistentes, do que modelos complexos que muitas vezes acabam fazendo análises superficiais. O modelo inglês é o ideal”, disse o professor doutor Rui Cunha Marques. Segundo o professor da Universidade Técnica de Lisboa o modelo inglês garante dados mais reais e ressaltou os diversos aspectos que influenciam no cálculo das tarifas cobradas. “A eficiência, por exemplo, é influenciada por um conjunto de fatores explanatórios não controlados pelos gerentes das prestadoras, tais como estrutura de mercado, fatores históricos, sociais, ambientais, regulatórios e locais”, explicou.

Outro ponto ressaltado durante o painel do início da tarde desta segunda-feira, dia 16, são os problemas enfrentados no cálculo do preço. Para o professor doutor Rui Marques, é preciso ficar atento às comparações entre o teto do preço aplicado com a taxa de retorno, com especial atenção à qualidade doi serviço prestado, um problema comum a todas operadoras de saneamento, seja no Brasil ou na Europa.
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