Pesquisadores do MIT descobriram que é possível controlar o
modo de tecer do bicho-da-seda, o que pode ajudar na construção de edifícios e
na confecção de roupas mais sustentáveis
Neri Oxman, professora do MIT (Instituto de Tecnologia deMassachusetts) e apontada como detentora de uma “mente revolucionária”, segundo
a revista SEED, de 2008, lidera o grupo Media Lab’s Mediated Matter, que tem
como objetivo alcançar um alto grau de personalização e versatilidade de
design, de desempenho ambiental e de eficiência material, por meio de
estratégias tecnológicas e biomiméticas. O último projeto do grupo foi
inspirado no modo que o bicho-da-seda tece seu casulo.
O projeto começou com experimentos, para ver se os padrões
de fiação do bicho-da-seda podem ser controlados ao se alterar o ambiente em
que ele opera. Ao descobrirem que sim, Oxman e sua equipe criaram um pavilhão
por meios de fios mecanicamente tecidos envolvendo uma estrutura de aço. Para
isso, eles colocaram 6,5 mil bichos da seda sobre a estrutura primária do
pavilhão.
A ideia de utilizar bicho de seda na engenharia estrutural
pode parecer estranha, mas tem uma gama considerável de benefício, garante
Oxman. “O bicho-da-seda personifica tudo aquilo que o sistema de fabricação
aditiva carece atualmente. Ele libera um material estrutural com propriedades
variáveis de funções específicas superiores; é pequeno e se locomove. Além
disso, pode tecer estruturas não homogêneas, e, ao mesmo tempo, pode atuar como
uma impressora 3D multiaxial sofisticada”. Para completar, depois de feito o
trabalho, eles se transformam em mariposas e vão embora, deixando uma
quantidade de ovos suficiente para criar, aproximadamente, mais 250 estruturas,
renovando, assim, o trabalho.
Segundo os pesquisadores, o projeto pode ser aplicado na
confecção de roupas e na arquitetura, e ainda é possível imaginar um sistema
como esse sendo construído logo após um desastre natural, para construir
abrigos ecológicos para refugiados – isso, se os moradores desses abrigos não
se importarem muito de morarem num local que remete a uma imensa teia de
aranha.
Fonte: eCycle