Acomodados dentro do pequeno bote, quatro
policiais vasculham o manguezal em busca de caçadores ilegais. Enquanto a
incursão percorre silenciosamente o canal, o soldado posicionado à frente da
embarcação observa com binóculo qualquer movimento suspeito na mata. A cena
pode até sugerir a rotina de guardas em algum ponto remoto da Amazônia ou do
Pantanal, mas ela tornou-se corriqueira nas lagoas da Barra da Tijuca desde
junho, quando foi criada a Upam - Unidade de Policiamento Ambiental Marítima.
Trata-se de uma força voltada exclusivamente ao combate de crimes em rios e
praias de todo o estado.
Formada por
32 agentes transferidos do Grupamento Marítimo da Polícia Militar, a tropa
dispõe de doze embarcações, usadas, por exemplo, para coibir o abate de animais
silvestres e realizar varreduras em busca de despejo ilegal de esgoto feito por
condomínios. "Com base no monitoramento realizado via satélite e nas
denúncias de moradores, fazemos nosso trabalho", relata o coronel José
Maurício Padrone, da Coordenação Integrada de Combate aos Crimes Ambientais
(Cicca), órgão responsável por organizar as incursões.
A rotina em
meio à natureza pode até ser menos estressante que encarar a violência urbana,
mas também tem seus percalços. Entre eles, o fato de lidar com bichos
perigosos, como jacarés. Para familiarizar os policiais com a nova rotina, são
ministrados cursos que vão desde legislação ambiental até regras de patrulha na
floresta. Outro item fundamental à grade curricular desses agentes são as
técnicas de manipulação de cobras e outros animais peçonhentos, ensinadas pelo
Instituto Vital Brazil.
Com essa
bagagem, a tropa já realizou cerca de 100 viagens que resultaram na prisão de
caçadores na Região Serrana e na apreensão de um navio que pescava em área
protegida de Arraial do Cabo. Em outra operação, há cerca de um mês, quinze
pessoas foram presas em Duque de Caxias por tráfico de animais silvestres. Os
policiais encontraram mais de 100 pássaros presos em condições precárias. Os
criminosos morrem de medo dessa turma. Afinal, a pena para casos assim não é
branda. Se forem condenados, os envolvidos em tais infrações podem pegar até
quatro anos de prisão.
Fonte:
Planeta Sustentável