Na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da
USP, em Piracicaba, pesquisa demonstrou a viabilidade do cultivo sustentável de
um clone de batata desenvolvido no Brasil, que possui menor necessidade de
fertilização e uso de fungicidas. O estudo foi desenvolvido no programa de
Pós-graduação em Fitotecnia da Esalq pelo engenheiro agrônomo Eduardo Yuji
Watanabe. O clone também apresentou
potencial para utilização em processamento industrial, podendo competir com as
variedades importadas.
Watanabe avaliou o desempenho de produção e de qualidade do
clone de batata IAC 2.5, em três doses de adubação mineral de plantio com o uso
da fórmula 04-14-08, com e sem a adição de composto orgânico. “O trabalho gera
informações que contribuem com o cultivo de batata em sistema sustentável, ou
seja, nem orgânico e nem convencional tradicional, e com uso de genótipo
nacional”, afirma o autor da pesquisa.
O experimento foi conduzido de outubro de 2012 a fevereiro
de 2013 na Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Itararé, da Agência
Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), em Itararé (interior de São
Paulo). A pesquisa teve orientação do professor Paulo César Tavares de Melo, do
Departamento de Produção Vegetal (LPV) da Esalq.
Segundo Watanabe, a cultura da batata é uma das mais
exigentes em fertilização e como principal resultado, foi verificado que a dose
2150 kg ha-1 do formulado 04-14-08 complementado com 5000 kg ha-1 de composto
orgânico de marca comercial Provaso responde à maior produtividade comercial de
tubérculos. “O clone de batata IAC 2.5 tem demonstrado em ensaios preliminares,
maior rusticidade, pela menor exigência em fertilização e proteção
fitossanitária por fungicidas, em relação às cultivares importadas que
atualmente dominam o mercado”.
Matéria orgânica
Além disso, a pesquisa constatou importância da
complementação da matéria orgânica no aumento da eficiência da adubação
mineral. “As informações levantadas em campo contribuirão para a produção de
batata em sistema agrícola sustentável, com uso de genótipo nacional”, ressalta
Watanabe.
“Outro aspecto que deve ser ressaltado é a qualidade de
fritura na forma de palitos apresentado pelo clone, que possibilita a sua
disputa no mercado de batata in natura e para processamento industrial”. O
agrônomo desenvolveu o projeto com apoio de bolsa de estudos da Fundação de
Apoio à Pesquisa Agrícola (Fundag) e, além do orientador, contou com apoio de
Valdir Josué Ramos, da APTA.
Entre os produtores mundiais de batata, o Brasil não está
entre os principais, embora a Organização das Nações Unidas para Alimentação e
Agricultura (FAO) considere o tubérculo como o esteio da segurança alimentar de
inúmeros países. “A maioria das cultivares de batata disponíveis no mercado in
natura são importadas e se sobressaem pelo alto potencial produtivo e aparência
externa do tubérculo”, comenta o engenheiro agrônomo.
De acordo com Watanabe, “em geral, as cultivares
desenvolvidas no exterior não repetem nas diferentes regiões agroecológicas de
cultivo brasileiras o bom desempenho exibido nas condições de cultivo de seu
país de origem, especialmente no que diz respeito ao potencial produtivo e teor
de matéria seca”.
Caio Albuquerque – Agência USP