As tampinhas das garrafas de cerveja e refrigerante
encontradas nas ruas e nos bares do Rio de Janeiro se transformam em matérias
primas para o artista carioca Alfredo Borret, que usa os resíduos para
construir suas obras de arte desde 2007. Com o reaproveitamento de um material
fora do radar da reciclagem convencional, o artista espalha a mensagem “Se
Beber, Recicle”, e já ganhou um importante prêmio.
O trabalho artístico com as tampinhas começou em 2007, com a
produção das Ecotampas (ímãs com imagens de times de futebol e cartões postais
cariocas). Borret diz que não sabe exatamente quantas tampas de garrafas foram
reaproveitadas, mas a iniciativa trouxe importantes ganhos socioambientais. “As
tampinhas são recolhidas de bares e catadas nas ruas. Recebem um tratamento,
são pintadas, ganham imagens no seu interior e pronto: o que seria um problema,
vira arte”, diz. “Em 2012, foram 12 mil tampinhas transformadas em brindes,
distribuídas no Rio”, lembra Borret.
Depois de aproveitar isoladamente cada tampinha, o artista
também começou a produzir quadros com o material reciclado. Nas telas, são
reproduzidas paisagens cariocas e obras de arte conhecidas internacionalmente –
um dos trabalhos mais famosos do artista está exposto no gabinete do prefeito
do Rio de Janeiro. “Quanto menos lixo, mais arte. Cada quadro leva, em média,
702 tampinhas. Já produzi 19 quadros, reaproveitando mais de 13 mil tampas”,
afirma Borret.
Atualmente, o artista faz parte da ONG Onda Carioca, que
comercializa as Ecotampas. Além disso, a instituição desenvolveu o primeiro
coletor de tampinhas do mundo, instalado nas praias em fevereiro. “São 28
coletores fixados nos quiosques de Ipanema, Leblon, Arpoador e Copacabana.
Todos os dias, um triciclo percorre as orlas, fazendo a gestão do resíduo”,
explica. Nos dois primeiros meses de operação, cinco mil tampinhas foram
retiradas dos coletores.
O metrô da capital fluminense também está envolvido com o
reaproveitamento de materiais - com isso, 35 estações ganharam postos de
coleta, que induzem a população a destinar os resíduos para a produção das
obras de arte. “Quando geramos resíduos, entendo como o começo, e não o fim.
Todas as iniciativas para minimizar o impacto causado pelo descarte de resíduos
têm valor. Eu crio alternativas para as tampinhas”, finaliza Borret, que também
produz obras de arte sob encomenda.
Por Gabriel Felix
Fonte: CicloVivo