O Turanor PlanetSolar, o maior
barco do mundo movido a energia solar e dotado de uma imensa cobertura de
painéis fotovoltaicos, está em Nova York, nos Estados Unidos, em uma viagem
científica para estudar o efeito das mudanças climáticas na famosa corrente do
Golfo.
O catamarã espetacular, de 35
metros de comprimento e 23 metros de largura quando abre suas asas com painéis
solares, se tornou em maio de 2012 o primeiro veículo movido a energia solar a
dar a volta ao mundo, após uma viagem épica de 584 dias e mais de 60 mil
quilômetros percorridos.
"Ao invés de se tornar um
museu em algum porto, o barco agora desfruta desta segunda vida", destacou
seu capitão, o francês Gerard d'Aboville, em alusão à missão científica lançada
durante uma entrevista coletiva a bordo do navio suíço nesta terça-feira (18).
De fato, após zarpar do porto de
La Ciotat, no Sudeste da França, há pouco mais de dois meses, o PlanetSolar
começou recentemente em Miami, no Sudeste dos Estados Unidos, uma expedição que
tem como objetivo coletar material sobre os efeitos das mudanças climáticas ao
longo da corrente do Golfo.
"Vivo na Bretanha, no Oeste
da França, e estamos muito preocupados. Todos sabemos que se a Corrente do
Golfo mudar, mesmo que seja só um pouquinho, nosso clima se deteriorá
muito", afirmou D'Aboville.
A corrente do Golfo desloca uma
grande massa de água quente procedente do Golfo do México para o Atlântico
Norte, assegurando à Europa um clima quente para a latitude onde se encontra e
impedindo a excessiva aridez das zonas tropicais que atravessa na América, como
o México e as Antilhas.
A expedição do PlanetSolar se
estenderá até agosto de 2013 e tem previstas escalas em Boston, no Nordeste dos
Estados Unidos, San Juan de Terranova, no Canadá, e Reykjavik, concluindo em
Bergen, na Noruega.
"Nosso objetivo é entender
as complexas interações entre física, biologia e clima para possibilitar que os
cientistas aperfeiçoem as simulações climáticas, especialmente no que diz
respeito aos intercâmbios de energia entre o oceano e a atmosfera",
explicou o professor Martin Beniston, da Universidade de Genebra, na Suíça, e
líder da missão.
"Como o barco é impulsionado
por energia solar, não emite nenhuma substância contaminante que possa
distorcer o material coletado na travessia de 8.000 quilômetros entre Miami e
Bergen", acrescentou.
Proeza tecnológica com sua
gigantesca cobertura de mais de 515 metros quadrados de painéis solares, o
PlanetSolar pesa 90 toneladas e pode
desenvolver uma velocidade de até 14 nós (26 km/h), embora sua média seja de
cinco nós. O consumo médio de seus motores é de 20 quilowatts e não requer
gasolina e tampouco emite gases de efeito estufa.
À beleza externa, o barco soma um
nada desprezível conforto interno, com seis cabines e nove camas. Pode abrigar
até 60 pessoas quando ancorado.
Atracado desde segunda-feira (17)
em uma marina sobre o rio Hudson, no sul de Manhattan, o PlanetSolar zarpará na
próxima sexta-feira (21) com destino a Boston.
A presença do navio em Nova York
foi celebrada pela vice-cônsul suíça na cidade, Nadine Olivieri Lozano, que se
disse "muito animada" com a possibilidade de que seu país possa
mostrar "inovação, tecnologia e esforços de energia renovável".
"É excitante ter um
embaixador deste tipo. Normalmente o povo associa nosso país ao chocolate, aos
relógios, aos bancos", afirmou ela.