A prática de adicionar fluoretos à água tratada dos sistemas
de abastecimento começou na década de 40, nos EUA, como medida de saúde pública
para controle da cárie dentária. Hoje, mas de 70% da população norte-americana
bebe água com flúor.
No Brasil, a Funasa (Fundação Nacional da Saúde) indica que
a medida é preventiva, tem comprovada eficácia e reduz a prevalência de cárie
dental entre 50% e 65% em populações “sob exposição contínua desde o
nascimento, por um período de aproximadamente dez anos de ingestão da dose
ótima”.
A informação está no Manual de Fluoretação da Água paraConsumo Humano, lançado no ano passado, que também coloca que “o benefício
atinge toda população sem distinção de ordem econômica, social ou educacional.
Durante toda a vida do indivíduo os fluoretos provocam efeitos benéficos à
saúde e protegem os dentes contra a cárie”.
O serviço de saúde pública dos Estados Unidos calcula que,
para cada dólar despendido na fluoretação da água, 36 dólares são economizados
no tratamento da cárie, motivo pelo qual o método é considerado econômico e com
baixo custo “per capita”.
Há consenso?
Embora o Manual da Funasa aborde a questão como consensual,
os argumentos sobre os benefícios da fluoretação estão longe disso. Mais de 200
municípios norte-americanos já votaram contra a prática nos últimos anos,
embalados por dúvidas sobre a real eficiência do método.
O próprio governo americano divulgou um relatório alertando
para os efeitos nocivos do excesso de flúor na água, como o aumento no número
de casos de fluorose dental, que causa manchas brancas ou amareladas nos
dentes, e pode indicar problemas nos ossos.
O tema é ainda foco de crítica e discussão de inúmeros
grupos ativistas e deu origem ao documentário A Mentira do Flúor, disponível na
internet (veja abaixo, dublado).
A polêmica
O filme diz que a história pode soar maravilhosa: beba água
e fique livre das cáries. Mas que, na verdade, quase nenhum fluoreto despejado
no sistema de abastecimento de água é encontrado na natureza – são, na verdade,
produtos químicos tóxicos, classificados como lixo tóxico de alto risco,
rotulados como veneno nas embalados para transporte e manuseados por
trabalhadores vestidos com roupas de proteção industrial.
O Manual da Funasa também discorre sobre a toxicidade da
substância: “pode-se afirmar que o flúor é uma substância tóxica quando
ingerido em altas doses. Os efeitos desencadeiam distúrbios gástricos
reversíveis e redução temporária da capacidade urinária, fluorose dentária ou
esquelética e, eventualmente, até mesmo a morte, uma vez que estão diretamente
relacionados à dose, tempo de ingestão e idade”.
E aponta com detalhes todos os cuidados técnicos de
transporte, armazenagem e dosagem que devem ser tomados para a manipulação de
substâncias como o Fluossilicato de Sódio, “produto de natureza tóxica, sólido
na forma de pó branco brilhante e cristalino, que apresenta baixa solubilidade
e é corrosivo”, e o Ácido Fluossilícico, “subproduto da indústria de
fertilizantes, altamente solúvel e corrosivo, o que dificulta o seu transporte
e requer reservatórios apropriados”.
A Origem
O documentário explica que a origem do fluoreto começa com
as companhias mineradoras de fosfato, um mineral de grande importância na
produção de fertilizantes. Ele é extraído de depósitos naturais e refinado para
produzir o ácido fosfórico – um dos principais ingredientes dos refrigerantes
carbonatados, como a Coca-Cola.
O fosfato frequentemente vem contaminado com altos índices
de fluoreto (aproximadamente 40 mil partes por milhão ou até 4% do minério
bruto). Para removê-lo, adiciona-se ácido sulfúrico a uma lama composta por
fosfato e água, que provoca a vaporização do fluoreto criando compostos gasosos
altamente tóxicos, como o fluoreto de hidrogênio e o tetrafluoreto de silício –
liberados pelas chaminés durante a produção do fosfato.
Esta prática sempre ocasionou perdas ambientais
devastadoras, com a morte de animais e a contaminação de plantações. Obrigados
por lei, as indústrias mineradoras de fosfato criaram um meio de capturar os
vapores químicos do fluoreto tóxico para que não fossem mais lançados no ar.
Eles passaram a ser capturados por purificadores, embalados e usados para a
fluoretação da água do sistema de abastecimento das cidades para a prevenção
das cáries.
Outro argumento importante é de que quase a totalidade da água
dos sistemas de abastecimento das cidades é usada para banhos, lavagem de
louças e roupas, piscinas e irrigação de jardins – quase nada atinge,
diretamente, dentes humanos. E o impacto ambiental é considerável: seu destino
é contaminar rios, manaciais e oceanos.
Historicamente, as medidas de fluoretação de água se
tornaram uma saída conveniente e uma prática lucrativa para o descarte do lixo
tóxico das indústrias de fosfato, explica o documentário – que também deixa um
questionamento no ar: como pode ser saudável ingerir um produto classificado
como lixo tóxico?
Com informações de O Globo
Fontes:
Funasa
Documentário A Mentira do Flúor
Imagem:
Getty Images
Publicado originalmente no Portal Super Interessante