Além da rotina das grandes cidades estranguladas, já não
somente nas horas do pique, por carros andando lentamente, e milhares
estacionados nas ruas, o país vive agora o caos dos caminhões enfileirados por
quilômetros a caminho dos portos marítimos.
E a tendência é que esse status quo só piore com o tempo.
Continuam as isenções de impostos para veículos que vão se somar aos outros
milhões que atravancam rodovias e estradas municipais.
Ninguém parece perceber que a crise se acentua. A cada
ameaça de retirar as isenções para a compra de carros são brandidos os
argumentos de empregos a conservar. E o governo cede.
Neste cenário parece promissor o anúncio de
"pacotes" de incentivo à melhoria dos portos e à revitalização das
hidrovias. Um especialista lembrou, em um recente evento destinado a mostrar o
projeto da Hidrovia Brasil-Uruguai, realizado em Porto Alegre, que não existe
bandeira brasileira tremulando em navios nos mares do mundo.
Isto significa que o Brasil abdicou de uma alternativa de
transporte que deveria ser sua vocação natural. Talvez nenhum país do mundo
tenha costa marítima tão longa quanto o Brasil. Em vez de uma potência na
navegação aqui reina absoluto o automóvel. Em lugar de uma barcação carregando
containers preferimos 100 caminhões na estrada.
Nunca se sabe o resultado de um projeto quando ele começa a
ser feito. E nem se serão duradouras as intenções de incentivar o transporte
hidroviário. Mas é chegada a hora da hidrovia. Ou vamos continuar pagando cada
vez mais caro pelo privilégio egoísta de ter um carro estacionado em frente à
nossa ou nosso emprego.
Fonte: Revista TAE