Condições adequadas de higiene são desafio em grande parte do planeta e
a falta delas leva a prejuízos nos sistemas públicos de saúde
Foto: SuSanA Secretariat / Creative Commons
Seis em cada dez pessoas não possuem acesso a saneamento
adequado. O dado, divulgado pela ACS - Sociedade Americana de Química - no
último sábado, corresponde à média mundial, calculada a partir de pesquisa
realizada em 167 países. Segundo o estudo, 40% da população global utiliza
formas improvisadas de saneamento e mais de 4 bilhões não possuem acesso a
algumas facilidades, como sanitários com descarga.
A publicação classifica como saneamento adequado condições
que possam proteger os usuários e o ambiente ao redor de efeitos prejudiciais à
saúde, como o contato direto com excrementos. Nesta classificação não estão
incluídas medidas mais elaboradas, como tratamento de esgoto ou ações que
evitem a contaminação de rios, lagos e oceanos.
Segundo a pesquisadora do
Núcleo de Pesquisa em Direito Sanitário da USP, Luciana Vieira Seixas, a
situação identificada pelo estudo pode provocar doenças e mortes. "As
diarreias respondem por mais de 50% das doenças relacionadas ao saneamento
básico inadequado", diz. "A
ausência de saneamento básico também favorece doenças como a hepatite A, a
febre tifóide, a cólera, a giárdia e os salmonelos."
PANORAMA PREOCUPANTE
Segundo dados da OMS - Organização Mundial de Saúde -, mais
de 1 bilhão de pessoas não possuem facilidade alguma quanto ao saneamento, e
são obrigadas a fazer suas necessidades a céu aberto. Entre os índices mais
baixos de acesso estão a África Subsaariana e o sul da Ásia, onde,
respectivamente, 70% e 59% da população não têm contato com métodos mais
aprimorados de saneamento.
No ranking dos piores países da OMS, o Níger ocupa a
primeira posição, com apenas 9% da população beneficiada. Países como Bélgica,
Canadá e Dinamarca apresentam 100% de acesso ao saneamento. O Brasil fica no
meio do ranking, com 79% da população alcançada. "Cerca de 1,5 milhão de crianças morrem a cada ano de doenças
diarreicas, uma média de 5.000 por dia. Grande parte dessas doenças são
evitáveis por meio de saneamento adequado e melhor higiene", diz
Luciana.
OPINIÃO DO ESPECIALISTA
Luciana Vieira Seixas,
pesquisadora do Núcleo de Pesquisa em Direito Sanitário da USP
"Segundo dados do
ranking realizado pelo Instituto Trata Brasil, as regiões Norte e Nordeste do
País tiveram as menores parcelas de domicílios atendidos por saneamento básico,
com 13,5% e 33,8%, respectivamente, do total de domicílios da região. A região
com maior índice de esgoto tratado é a Centro-Oeste, com 43,1%. Sabe-se que as
doenças causadas pela falta de saneamento básico são responsáveis por 65% das
internações no SUS - Sistema Único de Saúde -. Investir no saneamento básico de
um país acarreta em grandes economias no que diz respeito à Saúde Pública como
um todo."
Fonte: Planeta Sustentável