O nascimento e o desenvolvimento
de filhotes papagaios-de-cara-roxa passaram a ser monitorados por câmeras.
Instaladas em ninhos, as imagens também mostram a interação entre as aves na
Ilha Rasa, no litoral do Paraná. Elas são vigiadas durante o período de
reprodução, que vai de setembro a março, pela equipe do projeto de conservação
da espécie mantido pela Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação
Ambiental (SPVS). (Clique aqui e veja o vídeo)
A técnica em conservação
ambiental do projeto, Maria Cecília Abbud, explicou que entre setembro de 2011
e março de 2012 foi feito um teste com as câmeras nos ninhos. Elas foram
colocadas em dois ninhos, porém, como apenas um foi ocupado pelas aves, eles
optaram em agora pôr os equipamentos somente no ninho ocupado anteriormente.
“A gente acompanha desde o
início, quando o casal escolhe o ninho, alguns dias antes de a fêmea colocar os
ovos. Ela não os coloca de uma vez só, em média, isso acontece de dois em dois
dias. Dessa vez, foram colocados três ovos. O primeiro filhote nasceu dia 3 de
novembro [de 2012], o segundo dia 5 e o último no dia 8 de novembro [de 2012]”,
relatou.
Segundo a SPVS, as câmeras, que
são similares as de segurança, são posicionadas interna e externamente,
discretamente, para não perturbar o casal de aves nem os filhotes. A ideia é
registrar os cuidados dos pais e todas as fases de desenvolvimento, do ovo até
a saída do ninho.
A técnica contou que papagaio
mais novo morreu com cerca de 40 dias. “Uns dias antes, tínhamos os visto
pessoalmente e foi constatado que ele estava mais fraco do que os outros”. O
primeiro filhote saiu do ninho no dia 10 de janeiro e o outro já em seguida. De
acordo com Maria Cecília, eles ainda ficaram uns dias próximos ao ninho, mas
agora já voaram para longe.
Riscos
No Paraná, a estimativa é,
conforme a técnica, de que existam cerca de 5.500 papagaios-de-cara-roxa, que
está em extinção. Em todo o país, são aproximadamente 6.700 aves da espécie.
Ainda de acordo com Maria Cecília, o litoral do Paraná, o litoral sul de São
Paulo e o litoral norte de Santa Catarina são os locais de ocorrência dessas
aves.
“Com esse trabalho, a gente
entende como é o comportamento reprodutivo da espécie e o cuidado parental.
Como o nosso projeto é de conservação, nosso foco mesmo é a reprodução. Ao
entender o [processo] biológico reprodutivo, vamos acrescentar nosso
conhecimento sobre a espécie”, finalizou.
A instituição monitora, desde
1998, ninhos de papagaios-de-cara-roxa em algumas ilhas no litoral do estado.
Em 2003, iniciou a implantação de ninhos artificiais para substituir os ninhos
naturais que foram perdidos ao longo do tempo. Atualmente, mais de 100 ninhos –
entre naturais e artificiais – são monitorados.
Fonte: Globo.com