No interior do Ceará, um projeto de educação ambiental
ganhou destaque internacional ao apresentar um processo natural de produção de
papel. Nada de desmatamento, nada de produtos químicos: a matéria-prima é o
caule da bananeira, parte da planta descartada pelos agricultores da região.
“Com esse processo fizemos valer a ideia de que muitas
coisas classificadas simplesmente como lixo são, na verdade, matéria-prima fora
do lugar”, comenta o professor Fernando Vasconcelos, orientador do projeto
Fabricação de Papel a partir de Fibras Naturais: Reciclando e Reaproveitando na
Escola, desenvolvido com o auxílio de 200 alunos da Escola de Ensino Médio
Professora Theolina de Muryllo Zacas, na cidade de Bela Cruz.
A primeira etapa do projeto trabalhou com conceitos de
preservação ambiental e conscientização dos grupos de estudantes e da
comunidade escolar. Também foram realizadas pesquisas de campo com produtores
locais de banana, representantes de associações e moradores do entorno da
escola. Depois, ao alunos passaram por oficinas para aprender a produzir o
papel.
O processo de fabricação é semelhante ao de reciclagem de
papel, mas não usa qualquer produto químico – diferença essencial para o
sucesso do projeto. A cola, usada para ligar as fibras na reciclagem comum, é
substituída por amido de milho.
O kit utilizado permite a confecção de dez folhas de uma
única vez. O processo de prensagem da folha, que aumenta sua compactação, pode
ser usado ou não. “Em alguns de nossos experimentos, esse processo não foi
utilizado, pois desejávamos obter uma folha de aspecto mais rústico”, explica o
professor.
A escola representou o Brasil em feiras de ciências
internacionais, entre elas a Intel Isef, a maior do mundo, nos EUA, e ganhou
menção honrosa da UNESCO como melhor projeto de inovação tecnológica do Brasil.
Além de mudar a percepção ambiental dos próprios alunos, o
projeto deve ir mais além: o próximo passo é aumentar a produção do papel e
criar uma pequena empresa para gerar renda para a comunidade, com parcerias com
instituições públicas e privadas e associações comunitárias.
Fonte: Superinteressante