Por Ana Carolina Amaral
Sabemos que a biodiversidade é essencial para a cadeia alimentar e, por isso, não precisamos saber exatamente qual o papel de uma espécie em um ecossistema para preservá-la. Em sociedade, a sociodiversidade nunca pareceu necessária para que se mantenha a cadeia produtiva. Talvez aqui precisemos descobrir o papel de cada “espécie” para incluí-las ao sistema social.
Há algum tempo conversei com a coordenadora do projeto Sou
Capaz, da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Responsável por
incentivar e viabilizar a participação de Pessoas com Deficiência (PcD) nas
empresas, Cristiane Gouveia me contou como as PcDs são competitivas e, no lugar
certo, são até mais eficientes.
Nas linhas de produção, pessoas com deficiência intelectual
são mais concentradas e obedecem com facilidade a instrução de não manter
conversas. No setor alimentício, os deficientes visuais são os melhores
degustadores. Têm um paladar sensível e dão um diagnóstico mais preciso dos
produtos em teste.
Meio ambiente já foi um assunto para o qual balançávamos
afirmativamente a cabeça em ato de boa educação. “Preserve a natureza!” era
questão de respeito; ninguém sabia calcular quanto o desrespeito custava. A
sociodiversidade está nesse tempo hoje: respeitamos, somos bem educados. Mas
ainda precisamos aprender a real importância dos nossos mais diversos cidadãos.
Talvez aí, em nosso mundo lógico e científico, a
sociobiodiversidade passe então dos valores que pregamos beirando a hipocrisia,
para uma prática transformadora – quem sabe, beirando a sustentabilidade.
Fonte: Super Interessante