quarta-feira, 1 de agosto de 2012

O que acessibilidade tem a ver com ecologia?



Por Ana Carolina Amaral

Sabemos que a biodiversidade é essencial para a cadeia alimentar e, por isso, não precisamos saber exatamente qual o papel de uma espécie em um ecossistema para preservá-la. Em sociedade, a sociodiversidade nunca pareceu necessária para que se mantenha a cadeia produtiva. Talvez aqui precisemos descobrir o papel de cada “espécie” para incluí-las ao sistema social.
Há algum tempo conversei com a coordenadora do projeto Sou Capaz, da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Responsável por incentivar e viabilizar a participação de Pessoas com Deficiência (PcD) nas empresas, Cristiane Gouveia me contou como as PcDs são competitivas e, no lugar certo, são até mais eficientes.
Nas linhas de produção, pessoas com deficiência intelectual são mais concentradas e obedecem com facilidade a instrução de não manter conversas. No setor alimentício, os deficientes visuais são os melhores degustadores. Têm um paladar sensível e dão um diagnóstico mais preciso dos produtos em teste.
Meio ambiente já foi um assunto para o qual balançávamos afirmativamente a cabeça em ato de boa educação. “Preserve a natureza!” era questão de respeito; ninguém sabia calcular quanto o desrespeito custava. A sociodiversidade está nesse tempo hoje: respeitamos, somos bem educados. Mas ainda precisamos aprender a real importância dos nossos mais diversos cidadãos.
Talvez aí, em nosso mundo lógico e científico, a sociobiodiversidade passe então dos valores que pregamos beirando a hipocrisia, para uma prática transformadora – quem sabe, beirando a sustentabilidade.


Fonte: Super Interessante


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