Em 1899, 1º prefeito da capital e Emílio Ribas já travavam
discussão sobre o destino do lixo: aterro ou incineração
O relato de uma cidade que cresce e se organiza diante das
suas necessidades. É assim que o presidente do Sindicato das Empresas de
Limpeza Urbana no Estado de São Paulo (Selur), Ariovaldo Caodaglio, define o
livro Limpeza Urbana na Cidade de São Paulo - uma história para contar. Ao lado
do pesquisador Roney Cytrynowicz, Caodaglio coordenou o levantamento de dados,
imagens e informações sobre a história da limpeza urbana em São Paulo - desde a
segunda metade do século 17 até os dias atuais.
Pode parecer curiosa a publicação de um livro sobre como o
lixo de São Paulo era tratado, mas, segundo o autor, muitas das discussões
mostradas na obra ainda são atuais.
"Em 1899, o primeiro prefeito de São Paulo, Antônio
Prado, e o seu secretário Emílio Ribas discordavam sobre qual destino dar ao
lixo da cidade. Emílio, que era infectologista, achava que o lixo deveria ser
incinerado, mas Prado argumentava que era muito caro. Incinerar ou não o lixo é
uma discussão que é feita ainda hoje", diz Caodaglio.
A obra conta algumas histórias que revelam como a cidade e o
poder público funcionaram ao longo das décadas. No início do século passado,
por exemplo, o lixo era carregado por mulas. Os caminhões, modelos especiais
movidos a gás produzido pela queima de carvão, só começaram a ser usados na
década de 1930.
"As mulas ficavam onde hoje é o Parque do
Ibirapuera.Elas eram bem tratadas, tinham uma equipe de veterinários à
disposição. Mulas e caminhões conviveram juntos até 1968", conta
Caodaglio.
Na década de 1920, a administração pública organizava um
desfile na Avenida Paulista, que na época abrigava grandes casarões, para
mostrar à população todo o seu equipamento de limpeza urbana. "A cidade
vivia uma metamorfose, a semana de 1922 tinha acabado de acontecer e os
equipamentos mostravam a modernidade."
A pesquisa de documentos e dados para o livro começou a ser
realizada em 2004. Além da prospecção de informações, várias entrevistas foram
feitas com personalidades que participaram da história de alguma forma.
"Um serviço tão essencial como limpeza urbana não poderia ter informações tão
espalhadas."
Segundo o autor do livro, as fotos são o ponto alto do livro
por mostrar como São Paulo se modificou ao longo do tempo. "À medida que a
cidade começou a crescer, o lixo se tornou uma questão mais importante",
afirma Caodaglio.
Fonte: Estadão.com