quarta-feira, 11 de julho de 2012

A bola é dele


Dan Epstein, diretor de sustentabilidade das Olimpíadas, conta como pretende realizar o evento mais “verde” da história. E dá as dicas para o Rio não ficar atrás



O pequeno Dan é um homem muito poderoso: tem em seu poder 9 bilhões de libras, algo próximo a 23 bilhões de reais. Essa é a verba destinada a produzir a Olimpíada de Londres. Embora não seja o chefe do Comitê Olímpico, é ele quem decide, direta ou indiretamente, como se deve gastar esse dinheiro. Tudo porque Londres fez uma promessa: promover os jogos olímpicos mais sustentáveis da história. "Nada é 100% sustentável", disse ele para ALFA. "Mas estamos realizando uma operação brilhante."

Epstein é um sujeito de poucos sorrisos e olhar desconfiado. Talvez tenha seus motivos: apesar de entender muito do assunto, sabe que sua missão está sujeita a questionamentos constantes. Ser sustentável, segundo ele, implica em um conjunto complexo de ações, que vai desde o reaproveitamento daquilo que foi demolido para dar lugar a uma nova edificação, até a economia de combustível para deslocar público e atletas. "Meu trabalho fez com que o orçamento da Olimpíada subisse de 3 bilhões de libras para os 9 bilhões atuais." Será que o Rio de Janeiro está preparado para esse custo e essa mentalidade em 2016? "Acho que sim", diz. "Basta muito planejamento e chamar as pessoas certas, que têm experiência e conhecem o assunto." Embora economia sustentável seja uma prática recente, Epstein é um pioneiro: atua na área há 30 anos. Formado em bioengenharia e ciências ambientais, trabalhou em projetos grandiosos e viveu sete anos no Nepal conduzindo um programa de recuperação de estradas e edifícios.

Em Londres, Epstein pôs a mão na massa. "Demolimos 240 prédios, limpamos e reutilizamos os detritos. Isso significa que 2 milhões de metros cúbicos de terra foram mantidos no local, o que corresponde a 85% do material utilizado na obra e a 16 mil caminhões a menos nas estradas - menos tráfego, menos poluição, menos custos", explica. Uma das principais providências que Epstein tomou foi diminuir ao máximo o número de automóveis que circularão durante os jogos. "Não haverá estacionamentos", conta. "A ida aos estádios será realizada quase totalmente por transporte coletivo. Isso inclui o deslocamento do público, da imprensa e dos esportistas." Para tanto, foram investidos mais de 3 bilhões de dólares em transporte público em 30 locais diferentes da cidade.

Epstein se orgulha principalmente do velódromo: um show de tecnologia e design para homenagear uma de suas paixões, a bicicleta. "É um edifício leve como um balão e eficiente como um barco de palha", declara. O mais importante, porém, será o legado dos jogos: "Estou tendo apoio da população porque todos percebem que produzo soluções que vão permanecer no futuro", diz.

De todo jeito, o que ocorre no momento é uma grande guinada na mensagem que os jogos procuram transmitir ao público. Sinal dos novos tempos: a Olimpíada sempre estabeleceu uma forte conexão com a paz. Hoje, é com o meio ambiente. Apesar de suas convicções e do conhecimento técnico, membros do comitê olímpico inglês reclamaram que a meta de 20% de energia renovável não foi atingida. "A ideia de uma Olimpíada verde já virou piada", disse um representante do Partido Verde. Sustentabilidade também envolve política e, nesse sentido, Dan Epstein parece não estar tão preparado assim.




Fonte: Planeta Sustentável

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