Da histérica proposta de extermínio de camelos na Austrália
aos planos da geoengenharia de colocar em órbita um gigante
"guardassol", confira uma seleção de ideias inusitadas para combater
o aquecimento global.
1 – Cobrir as geleiras do Ártico com uma “manta
gigante"
O derretimento das geleiras da Groelândia e
Antártida são a principal causa da elevação dos níveis dos mares. Para pôr um
fim nesse problema, cientistas propõem o envolvimento da região em um cobertor
high tech capaz de proteger as geleiras da incidência da luz solar, evitando
assim o derretimento. À frente dessa ideia está o Dr. Jason Box, um
glaciologista da Universidade Estadual de Ohio, que desde 1994 lidera
expedições ao local.
Para combater o rápido derretimento glacial, ele propõe
cobrir uma área total de 10 mil metros quadrados na costa leste da Groelândia
com uma manta branca de polipropileno feita a partir de uma resina
termoplástica que possui a característica de refletir o sol e, ao mesmo tempo,
resistir às temperaturas extremas do Ártico. A tecnologia não é tão inovadora
quanto a dimensão de sua aplicação. Mantas de polipropileno são comumente
utilizadas nos Alpes para preservar o gelo dos montes destinados às pistas de
esqui durante o verão.
2 - Colocar em órbita um mega parassol
Em dias muito ensolarados, há quem só saia de
casa munido de uma sombrinha. E se a mesma lógica fosse aplicada para combater
os efeitos do aquecimento global no mundo? A ideia de bloquear a incidência de
luz solar na Terra, por incrível que pareça, já existe e tem seus defensores. O
professor Roger Angel, do Arizona, que ajudou a criar o maior telescópio do
mundo, acredita que o poder do sol poderia ser reduzido pela colocação de um
parassol gigante no espaço.
O “guardassol” de 100 mil quilômetros quadrados seria
composto de trilhões de lentes que reduzem em 2% a intensidade da luz solar.
Essa estrutura colossal seria posicionada a 1,5 milhões de quilômetros do nosso
planeta, para orbitar em um local conhecido como L1, um ponto de equilíbrio
gravitacional entre o Sol e a Terra. Mas lançar no espaço 20 milhões de
toneladas (peso estimado das placas) exigiria esforços extras e muito grana
para desenvolver, por exemplo, um lançador eletromagnético, que seria
posicionado no alto de uma montanha onde a resistência do ar é menor.
3 – Que tal “salgar” as nuvens?
Stephen Salter, um físico especialistas em atmosfera
terrestre da universidade de Edimburgo, acredita que nuvens podem ser criadas
para proteger o mundo do raios do sol. Ele propõe o borrifamento de vapor de
água salgada sobre o mar para induzir a formação de nuvens espessas e brancas
capazes de refletir a luz solar, impedindo assim que o planeta aqueça.
O objetivo é aumentar em 10% a reflexividade das nuvens
marinhas do tipo etsrato-cumulus, que são baixas e cobrem pelo menos 25% dos
oceanos. Mil e quinhentos navios monitorados por controle remoto seriam usados
para espargir na atmosfera gotículas de água e sal. Como é de se esperar, o
projeto encontra objeções de muitos cientistas, que afirmam ser difícil prever
os efeitos colaterais dessa intervenção de geoengenharia no delicado
ecossistema terrestre, o que poderia, levar, por exemplo, à maior incidência de
chuvas.
4 –
Mate um camelo e ganhe créditos de carbono
No começo de junho, uma empresa australiana apresentou o que
considera ser a solução para reduzir as emissões emissões de gases efeito
estufa no país: matar toda a população de camelos, formada por cerca de 1,2
milhão de animais. O argumento é de que a cada camelo morto, 45 quilos de gás
metano deixariam de ser emitidos por ano no ar, o que equivale a uma tonelada
de dióxido de carbono.
Absurda, mirabolante, perversa, chame como quiser, a
proposta da companhia Northwest Carbon, está sendo estudada pelo governo do
estado de Camberra como parte de um projeto de redução de emissões no setor
agrícola. O extermínio em massa dos animais teria efeito similar ao de tirar de
circulação cerca de 300 mil carros que percorrem, anualmente, 20 mil km, dizem
seus defensores. Para erradicá-los, a empresa sugere usar helicópteros e carros
com atiradores. Depois de abatidos, os camelos teriam a carne processada para
uso em ração animal. Tudo bem que na Austrália, camelos são considerados pragas
que se multiplicam aos montes e destroem plantações, mas um projeto de abate em
massa é um pouco demais, não?
5 – Reproduzir o efeito das erupções vulcânicas
Que tal lançar na atmosfera milhões de toneladas
de um poluente como o dióxido de enxofre (SO2), responsável pelas chuvas
ácidas? Pois essas é a proposta de um grupo de climatologistas americanos para
por um fim ao aquecimento global. Por mais polêmico que possa parecer, o
projeto de Tom Wigley, do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas dos EUA tem
sua lógica, explicada pelo efeito das erupções vulcânicas.
Segundo o cientista, ao ser espargido na atmosfera pelo
vulcão em atividade, o SO2 oxida e adere ao vapor d'água para formar pequenas
gotas de ácido sulfúrico, que ajudam a baixar a temperatura no entorno. Foi o
que aconteceu, de forma natural, com a erupção do monte Pinatubo, nas
Filipinas, em 1991. O ácido sulfúrico emitido fez com que a temperatura local
diminuísse em média 0,5ºC. Wigley propõe reproduzir artificialmente os efeitos
das erupções vulcânicas para combater o aquecimento global. No lugar dos
vulcões, seriam usados aviões para lançar o dióxido de enxofre no ar.
6 – Reflorestamento em massa com bombardeio de sementes
Aqui, o famoso bordão ecológico “plante uma árvore” é menos
modesto. Por que não plantar uma floresta inteira? E por que não fazer isso em
um deserto? O consultor e engenheiro ambiental, Mark Hodges acredita que as
florestas poderiam ser geradas em massa pela queda de "bombas árvore"
de um avião. O método já foi usado para regenerar a floresta de mangue na
Louisiana após o furacão Katrina. As mudas viriam em recipientes de cera cheios
de fertilizante, que explodiriam quando atingissem o solo.
Com esse sistema, desertos inteiros poderiam ser cobertos
com árvores, que pela fotossíntese absorveriam CO2 da atmosfera. A água para
irrigar essas florestas seria fornecida por usinas de dessalinização
localizadas na costa e transportada por aquedutos. De todos os projetos da
lista, este é talvez o mais exequível do ponto de vista prático, não fosse seu
alto custo.
7 – Usar um purificador de ar e aprisionar CO2 no solo
Imagine se pudéssemos acabar com o aquecimento global apenas
retirando, por um processo mecânico, o dióxido de carbono da atmosfera,
impedindo assim que ele se junte à camada de gases efeito estufa que sufocam o
planeta? Essa é a ideia defendida pelo cientista canadense David Keith. Em sua
empresa de tecnologia, ele desenvolve uma máquina que aspira o ar ambiente,
pulveriza-o com uma solução de hidróxido de sódio e então o expele como ar
limpo.
O CO2 capturado é então armazenado no solo. A primeira
versão do equipamento, que saiu em 2008, foi testada no Estádio de McMahon em
Calgary, no Canadá. Com a instalação do sistema de purificação do ar em uma
torre de captura, foi capturado o equivalente a 20 toneladas por ano de CO2 do
ambiente utilizando somente 100 quilowatts hora de energia por tonelada de
dióxido de carbono.
8 – Fertilizar os oceanos com ferro
Cobrindo mais de 70% do planeta, os oceanos são um dos
principais escoadores de CO2 de que a humanidade dispõe. Mas diante dos
aquecimento global, o fitoplâncton que converte dióxido de carbono em matéria
viva está se esgotando. O plano B aí seria derramar nos mares uma grande
quantidade de ferro, que age como fertilizante para muitas plantas e alguns
microorganismos - incluindo os fitoplanctons que, no processo de crescimento,
devorariam o CO2.
Em 2009, o governo alemão começou a testar essa técnica para
avaliar o potencial de absorção de dióxido de carbono como medida de combate ao
aquecimento global. O projeto, entretanto, foi interrompido pelas protestos
constantes por parte de ambientalistas contrários à intervenção no oceano.
Fonte: Exame