terça-feira, 15 de maio de 2012

Projeto da ABES-SP, em parceria com entidades, viabiliza veículos para coleta de óleo de cozinha


A partir de agora os catadores de materiais recicláveis poderão começar a coletar, também, óleo de cozinha nas residências da capital paulista. Em abril deste ano, eles irão testar um protótipo de carrinho e um triciclo, adaptados para o transporte desse tipo de material.

O modelo do carrinho possui compartimento para a colocação de duas bombonas – recipientes plásticos – para o armazenamento do óleo e pode transportar 60 litros. O triciclo tem capacidade para a colocação de seis bombonas e assim transportar até 180 litros de óleo residual. 

O projeto para a criação dos carrinhos de coleta de óleo foi desenvolvido pela ABES-SP – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, com o patrocínio da Sabesp – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, e com a FEI – Faculdade de Engenharia Industrial, responsável pelo desenvolvimento técnico do protótipo através de sua empresa Jr. FEI.

Delaine Romano, da ABES-SP, coordenadora para projetos envolvendo catadores, relata que o projeto foi inteiramente pensado para atender a demanda dos trabalhadores. “Fizemos uma pesquisa com os próprios catadores e as orientações para atender as necessidades deles foram seguidas à risca”, conta.

Ela informa que o objetivo é tornar viável tanto a coleta como o transporte do material e, por isso, envolve as experiências de todas as entidades envolvidas. “A Sabesp atua como parceira neste projeto para combater a questão do descarte incorreto de óleo, que é um problema muito sério. Muita gente ainda joga a substância na pia da cozinha e, consequentemente, obstrui a rede de esgoto”, explica Delaine.

Marcelo Morgado, assessor de Meio Ambiente da Sabesp, explica que a ideia para viabilizar o carrinho surgiu da necessidade de unir esforços para resolver essa questão. “Além disso, o projeto tem o cunho social, pois irá ajudar na locomoção dos catadores e no transporte de material, e tem também o viés ambiental, uma vez que irá ajudar na conservação do meio ambiente”, observa.

Segundo ele, a capital tem, em média, 77.500 obstruções por ano na rede de esgoto, que geram cerca de 3.000 m³ de resíduo descartado em aterros e estações de tratamento. “Para a Sabesp, é importante reduzir a quantidade de óleo que chega à rede, pois ele também funciona como aglutinante de objetos que as pessoas não deveriam jogar nos vasos sanitários, como barbeadores descartáveis e preservativos”, diz Marcelo. Segundo dados da Sabesp, um litro de óleo de fritura polui mais de 25 mil litros de água.

Filipe Brasizza, diretor do Departamento de Projetos da Júnior FEI – responsável pelo desenvolvimento do protótipo, explica que uma das coisas que mais chamou a atenção neste projeto foi o apelo social. “Através do processo de montagem, conhecemos a rotina de trabalho dos catadores e fizemos uma enquete com perguntas, como quantidade de peso carregada e horas trabalhadas manuseando o carrinho. Através disso, tivemos a noção de como atender essas necessidades”, conta.

O projeto foi supervisionado pelo consultor sênior e professor de mecânica, Renato Marques, e pelos consultores da Júnior FEI, Marcelo Targa e Diego David, que fizeram os cálculos e simulações em softwares.

Brasizza explica, ainda, que após realizar a construção e acompanhamento de montagem do protótipo, atualmente o enfoque é acompanhar a utilização do carrinho e fazer pesquisas para ver a melhora na performance dos trabalhadores. “A FEI é voltada para projetos com apelo social e esse processo vai agregar muito para adotarmos, inclusive, como extensão curricular”, relata.

Segundo Morgado, da Sabesp, outros protótipos de carrinhos de coleta de óleo estão sendo desenvolvidos no momento por alunos de Engenharia do Centro Universitário da FEI.
De acordo com Delaine, da ABES-SP, os catadores deverão percorrer o bairro da Lapa, na zona oeste de São Paulo e região do Glicério na zona central da cidade, para testar os veículos. Marcelo, por sua vez, destaca que a intenção do projeto é encontrar patrocinadores que comprem os carrinhos para os catadores, que poderão vender o óleo para empresas que o reciclam para a produção de biodiesel e sabão.

Além disso, o objetivo da ação, de acordo com Delaine, que também passou a assumir esta semana a coordenadoria do Fórum Lixo e Cidadania do Estado de São Paulo – que tem secretaria executiva na ABES-SP, é fazer com que a reciclagem de óleo de cozinha seja ampliada. “É um material que todos possuem em casa e não pode ser descartado de forma inadequada, porque prejudica muito o meio ambiente”, relata. De acordo com ela, o principal ponto deste projeto da ABES-SP é dignificar o trabalho do catador na capital paulista.

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