A bicicleta transformou-se em um
meio de transporte viável e eficaz para boa parte dos brasileiros. Muitos que
fizeram essa opção passaram por uma mudança em seu estilo de vida. É isso que
mostra o documentário “Pé no Pedal”, produzido por um grupo de estudantes de
jornalismo de São Paulo.
O projeto foi desenvolvido como
trabalho de conclusão de curso (TCC), necessário para a aprovação dos alunos na
faculdade e obtenção do diploma. Inicialmente formado por duas alunas, a ideia
era falar sobre esportes. Com a entrada de mais dois integrantes no grupo, o
tema foi novamente debatido e a bicicleta era uma das opções.
“A gente ficou muito tempo
discutindo, queríamos pesquisar sobre um tema que nos desse prazer”, afirmou a
jornalista Thaís Teisen do site CicloVivo, integrante do grupo. Eles ainda
estavam indecisos quando uma bióloga de apenas 33 anos morreu vítima de um
atropelamento de ônibus, enquanto pedalava na Paulista. “Aí tivemos a
confirmação de que seria uma oportunidade para falar sobre isso”, completa.
Quando decidiram pesquisar sobre
os ciclistas urbanos de São Paulo a ideia era mostrar como a vida das pessoas
podem ser transformadas ao se optar por utilizar a bicicleta como meio de
transporte diário, sendo que para a maioria ela é usada apenas nos momentos de
lazer. “Não é só a bicicleta, os caras têm uma filosofia de vida”, salienta
Thaís.
A realização de todo o trabalho,
que além do vídeo conta também com um relatório escrito, teve duração de um
ano. Durante esse período, foram realizadas diversas entrevistas. A
Bike-Repórter e cicloativista Renata Falzoni, uma jornalista do Recife que
desistiu de voltar para sua cidade, após começar a andar de bike em São Paulo e
uma funcionária pública que aprendeu a andar de bicicleta com 50 anos são
algumas das histórias que compõem o documentário. Sobre qual seria a história
mais tocante, a jornalista afirma que é impossível dizer, pois “cada história
tem sua particularidade”.
É importante destacar que o
material dos estudantes é bem fundamentado em dados coletados ao longo da
pesquisa. Com pesquisas do metrô, por exemplo, foi possível saber a quantidade
de pessoas que combinam o uso da bike com o metrô. Além de utilizarem dados da
Rede Nossa São Paulo, da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e estudos do IBOPE
(Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística).
Dos órgãos procurados, apenas a
CET não demonstrou empenho em ajudar. “Não tivemos retorno, eles até mandaram
alguns e-mails com dados e nós utilizamos, mas eles não nos deixaram
entrevistar ninguém e para nosso trabalho isso era importante”, lamenta Thaís.
Em contrapartida, para realizar
as entrevistas o grupo se deparou com uma turma realmente disposta em
colaborar. “Todos foram receptivos, os ciclistas ajudaram muito. O José Police
Neto, por exemplo, foi muito solícito. Conseguimos marcar entrevista para duas
semanas depois de entrarmos em contato”. Ele é Presidente da Câmara Municipal
de São Paulo, mesmo assim se prontificou a ajudar os estudantes.
O trabalho do grupo foi
repercutido em diversos sites de notícia da comunidade de ciclistas. Pois, além
de ser um assunto que interessa a ele, o documentário chama atenção pela
riqueza de informações e qualidade com que foram gravadas e editadas. Prova
disso, é a quantidade de pessoas que já assistiram ao documentário, que está
disponível em uma página na internet.
“Foram mais de 3000 views em duas
semanas e meia, um número alto para um trabalho estudantil. Ficamos muito
felizes”. Além dos números, o esforço também é recompensado pelo “feedback” que
o grupo tem recebido. “Muitas pessoas e sentiram motivadas a andar, já os
ciclistas têm dito que é um trabalho é bastante importante e informativo. É bom
também porque faz alguns protestos”, conclui.
Fonte: Ciclo Vivo