Apesar da tecnologia disponível, nem todo lixo que é
separado para a reciclagem acaba se transformando em novos produtos. Veja na
reportagem de Alan Severiano.
É o garimpo do mundo moderno. Na esteira da cooperativa de
reciclagem, plástico, metal e vidro geram renda e 40 empregos. Mas boa parte do
que poderia ser aproveitado é desperdiçada: bandejinhas de isopor e embalagens
laminadas, de salgadinho e biscoito, vai tudo parar em aterros sanitários,
junto com lixo orgânico.
O isopor, por exemplo, é leve e ocupa muito espaço, o que
encarece o frete.
Marli, que costuma separar isopor e embalagens de
salgadinhos, não gostou nada de saber que o trabalho dela é em vão. “Não tem
sentido, perda de tempo”, diz Marly Madruga.
Para a ambientalista Delaine Romano faltam estímulos e
investimentos para a reciclagem.
“A gente acaba criando um problema pras cooperativas, porque
isso é um resíduo que depois, às vezes, ela tem q pagar pra alguém recolher.
Então onde não tem essa comercialização, não tem porque o município descartar o
material”, explica Delaine Romano, especialista em reciclagem da Abes, Associação
Brasileira de Engenharia Ambiental.
Tecnologia já existe, mas as iniciativas são pontuais. Uma
fabricante de salgadinhos transforma embalagens usadas em prateleiras para
expor os produtos. A montadora do Paraná usa uma máquina para triturar e tirar
o ar do isopor - que é transformado em sanca, forro e rodapé.
Tecnologia semelhante à usada por outra cooperativa em São
Paulo. O material que enche um sacão de mil e 500 litros, depois de processado
vira pecas que, juntas, pesam mais de 20 kg. Isso torna viável o transporte até
as empresas de reciclagem.
“Nós compramos a 25 centavos o quilo e ele já processado nós
conseguimos vender a 90 centavos o quilo”, diz Elma Miranda, presidente da
cooperativa.
Pena que é a única da cidade a reaproveitar o isopor. O
produto que vira régua rende até R$1.800 por mês para quem trabalha no local.
“É benfeitoria pra gente mesmo, pro Brasil, também porque se
fosse pra jogar eles no lixo, onde ia acumular”, declara Maria de Jesus da
Silva, cooperada.
Fonte: Globo.com