Não resta dúvida de que vivemos, atualmente, na era da busca
da sustentabilidade. Se o termo sustentabilidade ainda não provocou nos
indivíduos a reflexão necessária e urgente no tocante à preservação planetária,
deve pelo menos ter plantado uma semente de preocupação em relação ao efeito
devastador de qualquer descaso ambiental.
Na última década, a discussão em torno deste tema passou a
ser comum em debates e conferências internacionais, em encontros entre líderes
governamentais e empresariais e assunto frequente em todos os veículos de
mídia.
Na verdade, sustentabilidade traz sempre consigo uma
preocupação com o futuro e tem sido a palavra-chave quando se fala em
sobrevivência do planeta, em perenidade de um empreendimento e no bem-estar
social. Governos, organizações corporativas e a sociedade civil devem entender
a sustentabilidade como seu grande desafio.
No mundo organizacional, a busca da sustentabilidade deve
ser o elemento mobilizador na definição de estratégias corporativas. Neste
sentido, as empresas devem adotar na condução dos seus negócios o modelo dos
pilares do desenvolvimento sustentável: ser economicamente viável, agir com
respeito aos aspectos ambientais e ter responsabilidade com a sociedade.
Desta forma, a sustentabilidade corporativa está intimamente
ligada a um modelo de gestão com o comprometimento em ser economicamente
lucrativo, em atender às questões ambientais e ter ações corretas diante da
sociedade (entendendo neste quesito não só funcionários e clientes, mas toda a
dimensão social que envolve uma empresa).
Continuidade
Em outras palavras, as empresas devem
incorporar em sua estratégia: planos concretos de crescimento econômico, ética,
transparência e responsabilidade social e ambiental em suas ações.
Avançar em direção à sustentabilidade é um despertar inadiável
para as empresas que desejam dar continuidade ao seu negócio no futuro.
E quando pensamos em nossa carreira, é possível falarmos em
sustentabilidade? Certamente. O conceito de sustentabilidade nos leva
invariavelmente ao conceito de sobrevivência.
O indivíduo que deseja ter uma carreira sustentável terá de
dar um caráter atemporal à sua empregabilidade, ou seja, deverá permanentemente
desenvolver novas habilidades e competências demandadas pelo mundo do trabalho.
Em outros tempos, as empresas desenhavam a evolução de
carreira dos seus funcionários e consideravam que o bom profissional era aquele
que detinha bons conhecimentos técnicos e que atendia adequadamente aos seus
interesses corporativos.
Por sua vez, os profissionais buscavam apenas a estabilidade
nas relações empregatícias, tinham um olhar estreito para sua carreira e muitos
desejavam construir uma trajetória voltada a uma única organização.
Com as transformações do mundo do trabalho, com a ebulição
da competitividade, com o dinamismo do mercado, esta realidade acabou ganhando
novos contornos.
Agora, as organizações procuram profissionais
empreendedores, que desenvolvem sua carreira como um empreendimento, como um
negócio e que permanecem atualizados com as demandas do cenário vigente.
Para sobreviverem a qualquer intempérie, os profissionais
devem, então, munir-se de uma estrutura de competências e habilidades que
possam dar um caráter sustentável na sua carreira.
Mandamentos
Além disso, os profissionais devem buscar compreender as
transformações globais, manter seus valores em sincronia com os da organização
ou do seu negócio, fortalecer a sua rede de relacionamentos, adotar princípios
éticos em sua conduta, valorizar o bom trato social e sua qualidade de vida.
Devem, ainda, ter ações que contribuam para a conservação ambiental e, desta
maneira, potencializar sua sustentabilidade profissional.
Como podemos perceber o termo sustentabilidade vai além do
modismo, trata-se de uma necessidade emergencial.
De acordo com Leonardo Boff, não existe sustentabilidade sem
o cuidado. Assim, cuide do seu convívio social, do seu bem-estar, da sua
carreira, do seu planeta. Dê um olhar de delicadeza a todas estas esferas da
sua vida.
Texto originalmente publicado na página do Estadão