Inclusão
do jovem profissional no setor, apresentação de tecnologias no tratamento de
efluentes e a necessidade da quebra de paradigmas foi ressaltada no evento
Por
Victor Faverin
Com o objetivo de
inserir novos protagonistas no setor de saneamento e muni-los com ferramentas
que auxiliem no mercado de trabalho, a Associação Brasileira de Engenharia
Sanitária e Ambiental (ABES-SP), participou no dia 22 de maio da VIII Semana de
Meio Ambiente, organizada por alunos da Universidade Estadual Paulista (UNESP),
campus Sorocaba.
Com
a primeira palestra, intitulada “Tratamento de Água com vistas ao reuso
utilizando a tecnologia MBR (Membrane Bio
Reactor)”, Rubens Francisco Junior, diretor de tecnologia da Aquamec,
contextualizou o tema ao falar do desafio global enfrentado pelo saneamento
ambiental. “Hoje em dia, morrem mais crianças devido à água poluída do que pela
guerra. Atualmente, 1,1 bilhão de pessoas não têm acesso à água potável no mundo”,
disse.
De
acordo com ele, o MBR é largamente utilizado para se tratar os efluentes
oriundos de processos produtivos e é aplicado, inclusive, no projeto Aquapolo, parceria
da Sabesp e Foz do Brasil, que fornece água de reuso para empresas do Pólo Petroquímico
de Capuava, no ABC Paulista e tem capacidade de fornecimento para os municípios
e empresas próximas aos 17 km
de sua adutora.
Segundo
Francisco Junior, as membranas submersas tendem a ser mais utilizadas no
mercado, devido à facilidade operacional. “Há cerca de 30 anos, não havia muita
preocupação com o lodo gerado. Hoje, graças à tecnologia MBR, se confere muita
atenção a este fator”, salientou. Para finalizar, apresentou aos alunos
presentes o exemplo de Cingapura, país que é referência mundial no reuso de
água.
“Naquele
país, 95% da água de reuso produzida é destinada à indústria. O restante é
misturado aos mananciais para ser distribuído à população”, conta. “As plantas
de água de reuso de Cingapura superam os Padrões de Água Potável estabelecidos
pela Organização Mundial de Saúde (OMS)”, conclui. Para ele, utilizar este
mesmo sistema na Região Metropolitana de São Paulo é viável e uma das formas de
resolver a crescente escassez de abastecimento na cidade.
Em
seguida, Wanderley da Silva Paganini, professor do Departamento de Saúde
Ambiental da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP),
ministrou a palestra “O Setor de Saneamento: desafios para os jovens
profissionais e panorama do saneamento no mundo e no Brasil”.
O
professor destacou a importância da educação sanitária ambiental à sociedade.
“Esta é, talvez, a mais potente barreira sanitária que existe. Ensinar ao
morador de uma região carente sobre a importância da lavagem das mãos é, muitas
vezes, mais importante e efetivo do que uma obra de infraestrutura de
saneamento naquele local”, afirmou.
De
acordo com Paganini, o crescimento da população se dá em regiões sem estrutura
adequada e este é um dos problemas mais incisivos atualmente. Com uma fala de
orientação voltada aos alunos presentes, o professor enumerou três temas que
demandarão muito trabalho e plena satisfação profissional futuramente: cidades,
clima e energia.
Em seguida, para
aproximadamente 100 presentes, entre professores e alunos, Reynaldo Young, 1º
secretário da ABES-SP, falou sobre a importância da experiência associativa
como mecanismo vital à construção da pessoa enquanto indivíduo social e
profissional.
Posteriormente,
conferiu um perfil da Associação, que foi fundada em 1967, época de
efervescência do setor, com altos investimentos em infraestrutura. “A ABES,
desde a criação, esteve presente na formulação de políticas públicas voltadas
às questões do setor no Brasil, como o abastecimento de água, coleta de esgoto
e de resíduos”, destacou.
O
diretor ainda citou a crescente discussão sobre questões de mudanças climáticas
que se fazem presentes nos fóruns da ABES. “Temos, também, engajamento em
programas sociais, como o Projeto Cooperativa União Ambiental e Artesanal
Mofarrej, em que projetamos, em parceria com a Fundação Educacional Inaciana
(FEI), um carrinho coletor de óleo de cozinha para catadores”.
Para
finalizar o evento, Jaqueline Rocha, secretaria da Subseção Itapetininga da
ABES-SP, falou a respeito do programa Jovens Profissionais do Saneamento (JPS),
cujo objetivo é fornecer uma rede de oportunidade de desenvolvimento contínuo
para despertar habilidades e lideranças entre os jovens que começam a atuar na
área do saneamento ambiental, bem como satisfazer as necessidades presentes e
futuras do setor.
Além
das palestras, a ABES-SP também participou da VIII Semana de Meio Ambiente com
um stand de venda de livros técnicos, além da divulgação sobre os projetos e a
linha de atuação em que está inserida.