O Brasil irá pedir na 19ª
Conferência das Partes da Convenção-Quadro da Organização das Nações Unidas
sobre Mudança do Clima (COP-19) – que começa na próxima segunda-feira (11), em
Varsóvia (Polônia) – a criação de uma metodologia para que cada país possa
calcular sua responsabilidade histórica sobre o aumento da temperatura global.
"O Brasil está levando para
Varsóvia algumas contribuições para as negociações. A primeira é para que o
IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas] prepare de maneira
bastante rápida uma metodologia simplificada para que cada país possa calcular
sua responsabilidade histórica para o aumento da temperatura global”, disse
hoje (4) o subchefe da divisão de Clima, Ozônio e Segurança Química do
Ministério das Relações Exteriores, Felipe Rodrigues Gomes Ferreira. Ele falou
em evento da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).
De acordo com Ferreira, o cálculo
sobre a responsabilidade histórica do aquecimento global é uma “questão chave”
e é defendida pelo Brasil desde 1997, quando houve a negociação do Protocolo de
Quioto. “O foco da real causa do problema, que não é a emissão de hoje, é o
acúmulo das emissões da atmosfera desde o período pré-industrial. Essa é a
questão chave. A causa é o acúmulo de gás carbônico na atmosfera e o efeito que
ele tem na temperatura ao longo do tempo”, disse.
Relatório divulgado no final de
setembro pelo IPCC mostra que a influência humana no clima é a principal causa
do aquecimento global observado desde meados do século 20. O aumento das
temperaturas é evidente e cada uma das últimas três décadas tem sido
sucessivamente mais quente. Segundo o texto, há 95% de probabilidade de que
mais da metade da elevação média da temperatura da Terra entre 1951 e 2010
tenham sido causadas pelo homem. Os gases de efeito estufa contribuíram para o
aquecimento entre 0,5 e 1,3 grau Celsius (ºC) no período entre 1951 e 2010.
“[Não estamos propondo] uma
fórmula geral e irrestrita, um cálculo feito pela convenção de quanto cada país
tem de fazer [para diminuir suas emissões]. Nós estamos propondo que se elabore
uma metodologia para que, da mesma maneira que cada país calcula seu PIB
[Produto Interno Bruto, que mede o total
de bens e serviços produzidos no país], que cada país possa fazer a sua
contabilidade nacional não só de emissões, mas também da responsabilidade
histórica do país no aumento global de temperatura. É o que se espera de
Varsóvia”, disse Ferreira.
Fonte: Ciclo Vivo