sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Assista à reportagem da série sobre saneamento básico do Jornal Nacional, na qual o presidente nacional da ABES, Dante Ragazzi Pauli, faz uma análise sobre as perdas de água no Brasil.

Clique aqui e confira o vídeo da matéria.

Leia abaixo a matéria publicada no G1

Cem maiores cidades brasileiras desperdiçam 38% da água captada

Dez capitais jogam fora mais da metade da água que tratam.
Macapá é o pior exemplo de desperdício de água na distribuição.

Reduzir a perda na distribuição de água é um dos grandes desafios no Brasil. As cem maiores cidades brasileiras jogam foram quase 40% da água que captam, e esse desperdício está na reportagem desta quinta-feira (3) da nossa série especial sobre saneamento básico.

Na falta de água tratada dona Maria toma os cuidados que pode com a água do poço.

“Eu coo aqui, aquela borrazinha que sempre tem da água, né? Quando tem bebezinho pequenininho, assim bem verdinho, eu compro a mineral”, conta dona Maria.

Encanamento até tem na casa dela. Já a água...

“Eu tinha que me levantar uma hora da madrugada pra encher as minhas vasilhas. Quando o dia já ia clareando, ela também já ia se despedindo”, revela dona Maria.

A água que não chega na casa de dona Maria pinga, escorre e jorra na tubulação da empresa de saneamento de Macapá. A cidade é o pior exemplo de uma situação que beira o inacreditável no Brasil: os índices de desperdício de água na distribuição.

Imagine que você está em um bar ou restaurante e o garçom vem para lhe servir um copo de água e deixa o copo transbordar. Parece loucura, não? Não é um absurdo? Mas é exatamente isso o que acontece hoje no Brasil. Em algumas cidades, para que um copo d'água chegue na casa dos moradores, dois ou três são perdidos no caminho.

Em Macapá, a empresa de saneamento, a Caesa, capta a água, faz todo o tratamento para ela ficar potável, e entre a estação e as residências perde 72% em tubulações velhas, canos quebrados ou ligações clandestinas. Às margens do Rio Amazonas, a água só continua chegando nas casas, porque os moradores improvisam a manutenção.

“A gente tem que vir ajeitar. Tem que ir na oficina pegar liga de bicicleta pra ajeitar, pra não ficar vazando, pra poder cair água pra dentro de casa”, explica o morador Alisângelo da Costa.

Como a água não chega ao consumidor, a Caesa não recebe pelo trabalho que fez.

“Aí fica naquela questão: quem nasceu primeiro o ovo ou a galinha? A Caesa não tem capacidade de investimento para solucionar. E não tendo capacidade de investimento a situação tende a permanecer ou se agravar”, admite o diretor da Caesa, Ruy Smith.

“O mundo desenvolvido perde entre 10 a 15%. Esse é um nível aceitável de perdas, alguns países como o Japão perdem menos que 10%”, explica Gesner Oliveira, professor da EASP-FGV.

Já no Brasil, a média de perdas nas cem maiores cidades é de 38%. E 19 cidades jogam fora mais da metade da água que tratam, entre elas dez capitais. Além de Macapá, Porto Velho, Recife, Rio Branco e Maceió têm perdas maiores do que 60%.

“Sessenta por cento é o abandono. É uma coisa que ficou lá e tá lá porque Deus quer”, diz o presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, Dante Ragazzi Pauli.

A Associação Brasileira de Saneamento Ambiental fez um levantamento com as empresas do setor. E se surpreendeu.

“Boa parte delas, elas não têm um cadastro confiável. Não sabe nem se tem cano. Como eu vou combater perda se eu não sei onde tá meu cano, se eu não tenho certeza se passa água naquele cano ou se eu já fiz um do lado e a água passa lá”, afirma Dante Ragazzi Pauli.

Em Macapá, sem alternativa, os moradores continuam improvisando. Pagam para outro morador distribuir de casa em casa a água de um poço.

Jornal Nacional: A senhora paga quanto para ele?

Ana Claudia Dantas (dona de casa): 15 reais por mês.  Quando enche a vasilha, ele desliga e coloca na sua caixa.

Com tubulação própria, seu Eudo distribui água para cem palafitas, mas espera que o poder público assuma sua responsabilidade para poder se aposentar.


“Eu vou aguentando até ele fazer, até botarem água, porque, se eu parar, da onde é que o pessoal vai pegar água?”, pergunta o "vendedor de água" Eudo de Souza Teles.



Fonte: G1
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