Chuva, meditação coletiva, trupes circenses e um show
especial de Guilherme Arantes com a banda da turnê “Condição Humana” fizeram
parte da “Praia do Tietê”, evento organizado pela Fundação SOS Mata Atlântica,
no último domingo (22), para celebrar o Dia do Tietê.
O objetivo da ação foi manter a sociedade engajada na luta
pela despoluição do rio Tietê e cobrar o compromisso das autoridades e cidadãos
com a recuperação do maior rio paulista.
“Queremos chamar a atenção da sociedade não só para a água
do rio, mas como suas margens, por exemplo, podem ser usadas com ciclovias,
áreas de convivência e até atrações culturais. O Rio Tietê tem de entrar na
agenda da cidade”, afirma Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da SOS
Mata Atlântica.
Para mostrar esse exemplo, banhistas com trajes de banho e
antigos remadores lembravam como o Rio Tietê era usado há algumas décadas. O
evento reuniu aproximadamente 600 pessoas na Ponte das Bandeiras, às margens do
Rio Tietê.
Entre eles estava Elisa de Paula, 88 anos. Ela remou no Rio
Tietê de 1944 até 1960 pelo Clube Esperia. "Os peixes pulavam enquanto a
gente remava. Às vezes também nadávamos", conta. “Me dá vontade de chorar
quando vejo o rio assim, mas ainda tenho esperança", diz.
Para ela, as pessoas em geral não ligam para o rio. "O
povo joga lixo e as empresas também jogam esgoto. É uma pena, muita gente
poderia aproveitar o Tietê como eu aproveitei", afirma.
O guru Sri Prem Baba, que realizou uma meditação coletiva,
chamou a atenção para o cuidado que as pessoas têm com o rio. “Hoje escolhemos
nos engajar no movimento em prol do rio Tietê, mas gostaria de falar sobre o
significado dessa escolha. Passamos pela marginal e não notamos o rio.
Despejamos nossos detritos e lixos nele sem perceber que ele é parte da
natureza, da vida, da nossa casa. Tem um muro que nos separa do rio, mas esse
rio é parte de nós mesmos. A separação é somente ilusão. Tudo está
interligado”, afirma.
Perspectivas
Com essa atuação da sociedade em prol do Rio Tietê, o governador
de São Paulo Geraldo Alckmin falou sobre as metas do governo para os próximos
anos. “Nós já tiramos 365 toneladas por dia de esgoto ao longo dos 1.600 km do
rio Tietê. Saímos aqui da Região Metropolitana de 70% de esgoto coletado para
84%. A nossa meta é em 2020 ter universalizado o tratamento”, disse.
O cantor Guilherme Arantes reforçou que o show era para
celebrar a recuperação do rio, que ele não duvida que ocorra. “O Tâmisa já foi
um lixo e hoje é um exemplo de equipamento urbano. Um dia chegaremos lá”,
afirmou.
Ele dedicou a música “Raça de Heróis” à SOS Mata Atlântica.
“É uma ONG com uma gestão exemplar e que é alegre. É a alegria que transforma o
mundo”, concluiu.
Fonte: CicloVivo