Fonte de renda de coletores, o berbigão habita o mangue e
filtra a água do mar para se alimentar. Projeto de repovoamento da baía garante
que a espécie esteja no cardápio dos grandes centros urbanos
O berbigão (Anomalocardia brasiliana) é o mesmo molusco que
chega à mesa dos restaurantes em metrópoles brasileiras rebatizado de vôngole.
O nome é italiano, mas o animal é nativo de nosso litoral.
Até a década de 1990, as águas da baía Sul, em
Florianópolis, eram fartas de berbigão. Na época, criou-se a primeira reserva
extrativista marinha no país, chamada de Pirajubaé, no estuário do rio Tavares.
A ideia era destinar o local à coleta da espécie. Só que logo depois da criação
da reserva, 8 milhões de metros cúbicos de areia e lodo foram arrancados do mar
para aterrar parte do manguezal e, dessa forma, abrir caminho para a rodovia
que liga o centro da capital de Santa Catarina ao aeroporto Hercílio Luz.
Não fosse um projeto de repovoamento da baía local feito
pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali), até o cardápio de grandes
centros urbanos em outras regiões estaria comprometido. "Noventa por cento
do vôngole consumido na cidade de São Paulo vem daqui", diz o chef
Ubiratan Farias, principal articulador da valorização do berbigão.
Fonte: Planeta Sustentável