A água que abastece a capital paulista e a região
metropolitana é "roubada" – menos de 10% das necessidades hídricas
são preenchidas pelos corpos d’água locais. Para suprir a demanda do recurso, é
feita uma transposição da bacia hidrográfica do Rio Piracicaba, no interior do
Estado, que desvia 33 mil litros de água por segundo. Além do deslocamento do
recurso natural, a prática também interfere no cenário ambiental e traz
impactos econômicos negativos.
O apontamento foi realizado pelo Instituto Trata Brasil,
responsável pela produção de um estudo que comprovou que 40% da água processada
não é faturada, ou seja, não gera receita para a operadora.
Dirceu D’Alkmin Telles, professor doutor em Engenharia
Hidráulica pela Escola Politécnica da USP e colaborador da Fundação de Apoio à
Tecnologia (FAT), alerta que a situação é delicada, mas que há formas de
amenizar o problema. "Uma solução prática e barata para melhorar esse
cenário é a água de reuso. Por não passar por tratamento, ela pode ser
utilizada para uso não potável em residências, indústrias e outros serviços de
saneamento", explica o especialista.
Ainda de acordo com Telles, aproximadamente 90% das
atividades realizadas atualmente poderiam utilizar este método. "Apesar de
não ser própria para consumo humano, a água de reuso pode ser aproveitada, na
indústria, na lavagem de áreas públicas e nas descargas sanitárias de
condomínios. Além disso, as novas construções poderiam incorporar sistemas de
aproveitamento da água da chuva", continua.
A reutilização da água não é um conceito novo e já vem sendo
praticado fora do país, no entanto, com a crescente demanda pelo recurso, o
tema voltou em pauta nas discussões sobre planejamento urbano, sustentabilidade
e desenvolvimento. Recentemente, o Portal CicloVivo divulgou que a Cidade do México
tem planos de aproveitar a chuva para suprir a demanda de água nos períodos
mais secos do ano.
Fonte: CicloVivo