O produto é visto por muito cientistas como ícone do
desperdício
Foto: quinn.anya
Apesar de ser responsável por grandes debates sobre a
quantidade ideal para sua ingestão, os benefícios da água para a saúde são
inegáveis. Segundo a nutricionista Amélia Duarte, o líquido está presente em
50% a 75% do peso corporal de um adulto e é um dos principais transportadores
de nutrientes do nosso corpo e age também como suporte para o bom funcionamento
intestinal.
Mas é preciso ficar atento quando os assuntos são as fontes
e o armazenamento deste recurso. Há anos, a água engarrafada está na mira de
críticos e ambientalistas europeus e norte-americanos. A discussão chegou ao
Brasil em 2010, mas não ganhou força, apesar deste produto ser visto por muitos
cientistas como um ícone do desperdício, da desigualdade social e também um
risco para a saúde.
Conheça cinco motivos para não ingerir água engarrafada:
Foto: Oxfam International
1. Ingestão de produtos químicos
O biólogo Carlos Lehn alerta que, para cada litro de água
engarrafada, é estimada a utilização de 200 ml de petróleo em sua produção,
embalagem, transporte e refrigeração. Além disso, um estudo norte-americano
revelou que há presença de fertilizantes, produtos farmacêuticos, desinfetantes
e outras fórmulas químicas presentes no produto agem de forma negativa no corpo
humano.
Cerca de 900 milhões de pessoas no mundo não tem acesso a
água de boa qualidade
Foto: miggslives
2. Danos socio-ambientais
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca
de 900 milhões de pessoas no mundo ainda não têm acesso à água de boa
qualidade, enquanto que uma parcela da população prefere consumir água
engarrafada mesmo tendo acesso a água tratada. O consumo excessivo do produto
em todo o mundo pode levar à superexploração de aquíferos, o que deixaria um
legado de falta de água para gerações futuras.
Lehn aponta que a produção e distribuição do volume das
águas engarrafadas podem gerar mais de 60 mil toneladas de emissões de gases do
efeito estufa, o equivalente ao que 13 mil carros geram em um ano.
O produto pode gerar até 1,5 milhões de toneladas de
resíduos/ano
Foto: Mr. T in DC
3. Produção de lixo
Apesar de serem materiais recicláveis, as garrafas
utilizadas para o acondicionamento do recurso geralmente não são recicladas,
podendo produzir até 1,5 milhões de toneladas desses resíduos por ano. E, para
produzir essa quantidade de plástico, são gastos cerca de 47 milhões de litros
de óleo.
A cidade de Concord, em Massachusetts (EUA), foi a primeira
comunidade dos Estados Unidos a abandonar a utilização das garrafas plásticas
de uso único, em 2013. O motivo? Elas não estimulam a reutilização. Em 2010, só
nos EUA a estimativa era o descarte de 50 bilhões de embalagens plásticas de
água por ano. Menos de 10% são recicladas. "Alguns hábitos antigos, como a
sacola de pano e a garrafa de vidro podem representar a solução para alguns de
nossos maiores problemas, a exemplo do acúmulo de lixo nas grandes
cidades", reforçou o biólogo ao site JorNow.
O preço da água engarrafada é quase 100 vezes mais alto do
que a disponibilizada pelo governo
Foto: Route79
4. Preço abusivo
O preço da água engarrafada é quase 100 vezes mais alto do
que a disponibilizada pelo sistema público. Além disso, o lucro com a venda do
produto, que poderia ser investido na melhoria do abastecimento público de
água, permanece privatizado.
O consumo de água em garrafas pode impactar governos
Foto: stvcr
5. Menos atenção aos sistemas públicos
... E se temos água engarrafada para consumir, para que
investir em um bom sistema de abastecimento de água público? O crescimento da
indústria de água engarrafada pode incentivar a privatização da comercialização
do recurso em todo o mundo - o que não seria um bom sinal para qualquer
governo.
Assista ao vídeo sobre a história das garrafinhas de água:
Fonte: EcoDesenvolvimento