O Verão (Pyrocephalus rubinus) macho é vermelho
e preto, já
a fêmea não é tão bonita: tem a penugem acinzentada
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O paulistano que passeia pelo
parque Ibirapuera no inverno pode observar... o verão. Ou, se preferir,
Pyrocephalus rubinus.
O Ananaí é uma espécie de pato que se camufla com
facilidade,
confundindo-se com a vegetação; ele voa rapidamente
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O Anu-branco (Guira guira) tem um cheiro forte e
característico
que pode ser percebido a metros de distância
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A Araponga (Procnias nudicollis) é muito visada pelo tráfico
ilegal por causa da sua cor e do canto que lembra o badalar de um sino; a
espécie está ameaçada de extinção
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O Cardeal (Paroaria coronata)
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O Pica-pau-verde-barrado (Colaptes melanochloros) |
O Beija-flor-tesoura (Eupetomena macroura) é corajoso e
briguento: não tem medo do ser humano
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O Caracará (Caracara plancus) ronda estradas e come bichos
atropelados
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A fêmea de Coruja-orelhuda (Asio clamator) |
o Gavião-miúdo (Accipiter striatus) |
A Garça-moura (Ardea cocoi) |
O Pavó (Pyroderus scutatus) |
O Gavião-peneira (Elanus leucurus) |
Os periquitos-ricos(Brotogeris tirica) |
O Pica-pau-de-banda-branca (Dryocopus lineatus) |
O Quero-quero (Vanellus chilensis) |
A Rolinha (Columbina talpacoti) |
O Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus) é uma das espécies mais
comuns
na cidade; ele constrói ninhos com capim mas, na cidade, chega a usar
papel, plástico e até arame
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o Tesoura (Tyrannus savana) |
O Tucano-de-bico-verde (Ramphastos dicolorus) |
Entre abril e setembro, esse
passarinho bate asas para longe do frio do sul, passa por São Paulo e ruma até
o Nordeste --daí o nome solar.
Verão é uma das 400 espécies de
aves encontradas na cidade, segundo a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente. O
número parece alto para quem está acostumado a ver só pombos --que são
considerados pragas urbanas.
Johan Dalgas Frisch, engenheiro industrial, ornitólogo e
um
dos pioneiros na observação de pássaros no Brasil
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Mas basta treinar o olhar e
"se sensibilizar para essa maravilha", diz o engenheiro industrial
Johan Dalgas Frisch, 83, que se dedica à observação e aves no Brasil desde os 7
anos.
O céu, contudo, não é exatamente
o mesmo desde a meninice de Johan.
Os papagaios-verdadeiros (nativos
do Norte e do Nordeste e famosos por imitar vozes e músicas) se multiplicaram
nos anos 1990, abandonados por traficantes e antigos donos.
Comum no interior, o tucano-toco
(do bicão amarelo, uma estrutura óssea esponjosa que supera 20 cm) também nos
visita mais. Mas rarearam os pios de perdizes e jacutingas.
O Sabiá-laranjeira (Turdus
rufiventris) é a ave-símbolo do
Brasil e seu canto (piú-puí-piú)
lembra uma flauta
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Cerca de 30 espécies --como o
bem-te-vi e o sabiá-laranjeira-- são figurinha fácil em toda a capital, aponta
o ornitólogo Fábio Luís Silveira, do Museu de Zoologia da USP.
A maior variedade está em grandes
áreas verdes, como o Ibirapuera e a serra da Cantareira. Os parques Villa-Lobos
(zona oeste) e do Carmo (zona leste) também têm tipos diversos.
No parque linear Castelo, às
margens da represa Guarapiranga, há um mirante ideal para ver aves aquáticas
(como o frango-d'água, conhecido entre observadores por emitir sons bem agudos,
de "kurrrk" a "kiki").
ELES, PASSARINHO
"O observador era o cara
solitário com um binóculo e um guia de bolso. Agora ele é o cara com câmera
digital, que compartilha", afirma o produtor cultural Guto Carvalho, 51.
Desde 2006, Guto organiza a feira
anual Avistar Brasil --a deste ano, em maio, juntou 1.200 pessoas em três dias
no parque Villa-Lobos.
Para o ornitólogo Silveira,
quanto mais gente, melhor: "Os observadores leigos dão uma contribuição
importante para a ciência".
Boa parte dos dados recolhidos
está no WikiAves, atualmente com 1.772 espécies catalogadas. Lorena Patrício
Silva, 11, é fã de aves de rapina e "contribuidora sênior" do site
feito por colaboradores.
Uma das caçulas da Avistar, a
estudante do primeiro grau gosta de "colecionar" novas descobertas.
A última foi no parque
Villa-Lobos: um pitiguari, passarinho com cabeça e bico grandes demais para
cerca de 16,5 cm de tamanho.
A melhor época para flagrar
novidades é no início da primavera, quando os animais estão à caça de parceiros
para a reprodução.
No período, a prefeitura oferece
cursos gratuitos para aprender a reconhecer espécies e os "points"
delas na cidade.
Neste ano serão dois: para
iniciantes, em outubro, e um avançado, em setembro, com 50 vagas cada.
Mais informações sobre os cursos
em breve no site da Secretaria do Verde.
Fonte: Folha de São Paulo