Além de facilitar a vida das
pessoas, o metrô pode dar uma grande contribuição à economia. Caso São Paulo
não tivesse metrô, por exemplo, a economia brasileira perderia R$ 19,3 bilhões
por ano. Esse valor corresponde a dois terços do custo de construção de toda a
rede de metrô da cidade. Se a quantia salva fosse investida no próprio sistema
metroviário, seria possível duplicá-lo com o dinheiro poupado em menos de um
ano e meio.
A conclusão é do estudo “The
Underground Economy: Tracking the Wider Impacts of the São Paulo Subway System”
(A Economia Subterrânea: Rastreamento dos Impactos mais Amplos do Sistema de
Metrô de São Paulo), coordenado por Eduardo Amaral Haddad, professor titular do
Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e
Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP).
A pesquisa econométrica teve
apoio da FAPESP e do CNPq no âmbito do Instituto Nacional de Ciência e
Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT Clima).
“O metrô atende diariamente a 4
milhões de passageiros. Setenta por cento das viagens correspondem a idas e
vindas de trabalhadores de suas residências aos locais de trabalho. A maior
velocidade dos deslocamentos proporcionada pelo metrô contribui diretamente
para o aumento da produtividade desses trabalhadores e, consequentemente, para
o melhor desempenho econômico das firmas nas quais estão empregados”, disse
Haddad à Agência FAPESP.
Para quantificar o impacto
econômico do sistema metroviário paulistano, os pesquisadores utilizaram o
conceito de “tamanho efetivo de mercado de trabalho”. Essa grandeza é definida
pelo número de empregos que, a partir de seu local de residência, um
trabalhador pode alcançar em determinado intervalo de tempo.
Quanto maior o “tamanho efetivo
de mercado de trabalho”, maior a oferta de empregos para o referido trabalhador
e maior a sua disponibilidade para trabalhar nas empresas possíveis de alcançar
no intervalo de tempo considerado.
Com as equações montadas, os
pesquisadores fizeram uma simulação eliminando o metrô, para determinar a
influência específica dessa variável. Os cálculos mostraram que, nesse caso, o
Produto Interno Bruto (PIB) municipal decresceria em 1,7%. E o PIB nacional, em
0,6%. A partir daí, chegou-se ao número de R$ 19,3 bilhões por ano.
“Simulamos também uma situação na
qual o metrô foi substituído por uma infraestrutura alternativa de alta
eficiência, o BRT (Bus Rapid Transit), no qual ônibus articulados ou
biarticulados trafegam em alta velocidade por canaletas específicas. Trata-se
de um sistema de transporte como aquele implantado em Curitiba no fim da década
de 1970. Mesmo nesse caso, a simulação mostrou que o metrô é uma opção melhor,
apresentando benefício anual de R$ 6,4 bilhões comparativamente ao BRT”, disse
Haddad.
Outras vantagens
Haddad ressaltou que o estudo se
ateve estritamente ao impacto econômico associado à produtividade dos
trabalhadores – por sua vez influenciada pela mobilidade, isto é, pelo tempo
médio de permanência no deslocamento diário de casa para o trabalho. Vantagens
outras como a não emissão de poluentes atmosféricos também devem ser consideradas
para uma avaliação global.
A rede metroviária da cidade de
São Paulo possui, atualmente, 74,3 quilômetros de extensão, distribuídos em
cinco linhas, com 64 estações.
“Esse sistema tornou-se
indispensável tanto para o transporte dos paulistanos quanto de uma importante
parcela do um milhão de trabalhadores que afluem diariamente à cidade,
provenientes de outros municípios. As regiões que mais atraem esses
trabalhadores de fora são a Central (180 mil) e a Oeste (300 mil) – ambas
parcialmente servidas pelo metrô”, ponderou Haddad.
No entanto, a rede metroviária de
São Paulo é a terceira em extensão no ranking da América Latina, ficando atrás
não apenas da rede da Cidade do México, mas também da rede de Santiago, do
Chile, cuja população é praticamente a metade da paulistana. Enquanto isso, as
ruas e avenidas da cidade encontram-se, a cada dia, mais travadas por uma frota
de veículos que alcançou, em abril de 2013, a cifra de 7.429.805 unidades.
Fonte: Ciclo Vivo