O primeiro peixe pescado a gente
nunca esquece. E o da diarista Maria da Glória de Castro Silva, 64 anos, é
ainda mais especial.
Com sua varinha de bambu, isca de
minhoca e muita disposição, a moradora do Campo dos Alemães, na zona sul de São
José, foi pescar uma tilápia nas águas do ribeirão Vidoca.
“Gosto de pescar, mas ainda não
sei direito”, confidenciou a mulher. “Vim porque a minha vizinha disse que aqui
está dando muito peixe”.
As águas barrentas do leito raso
do ribeirão, às margens das movimentadas avenidas Mário Covas, Jorge Zarur e
Eduardo Cury, ganharam um colorido diferente nos últimos meses.
Parece até história de pescador,
mas peixes de espécies como tilápia, bagre e lambari estão voltando a ocupar o
leito do ribeirão, beneficiado com o aumento do tratamento de esgoto na cidade.
Com menos poluição, sobra oxigênio nas águas, o que traz mais espécies de
peixes.
“Já estou sonhando com uma
moqueca dessa tilápia, com leite de coco e muito tempero”, disse Maria da
Glória, que nasceu na Bahia e mora em São José há oito anos.
Distração. Vários outros
pescadores localizados por O VALE ao longo do leito do Vidoca, principalmente
entre o Jardim Satélite e o Colinas, contaram que voltaram a pescar no ribeirão
por distração.
São aposentados que passam horas
a fio pescando no Vidoca, pouco incomodados com o barulho dos carros que passam
ao redor.
“A gente fica bem no cantinho e não
dá bola para os carros”, afirmou o aposentado José Cardoso, 72 anos, que levou
o neto Matheus Cunha, 20 anos, para aprender as técnicas da pescaria e, claro,
da paciência.
Mas acabou convencido por outros
evangélicos e gostou da “terapia”. Já faz um mês e meio que ele vai ao Vidoca
sempre que encontra tempo.
“Eu passava aqui e notava uns
peixinhos no ribeirão. Isso me chamou a atenção. Vim pescar e não me decepcionei”,
disse o aposentado.
Outro que levou as minhocas para
pegar peixes no Vidoca foi o motorista aposentado João Batista, 75 anos.
Na companhia do amigo Marcelino
Lima, da mesma idade, eles passam horas às margens do ribeirão procurando o melhor
lugar para pescar.
Batista afirmou que não come os
peixes, mas doa para a vizinha. Seria essa uma conversa de pescador do Vidoca?
Esgoto doméstico retira oxigênio da água
O ribeirão Vidoca nasce na divisa
com Jacareí e corta São José dos Campos até desaguar no rio Paraíba do Sul.
O problema do sumiço de peixes no
Vidoca é que essa poluição tirou o oxigênio das águas, prejudicando a vida.
Agora, com a ampliação do
tratamento de esgoto em São José, de responsabilidade da Sabesp, e de projetos
ambientais, as águas do Vidoca estão melhorando.
“A volta dos peixes é um
importante indicativo de que o esgoto está em queda”, disse o ambientalista
André Miragaia, ex-secretário de Meio Ambiente de São José.
Ele orienta que os pescadores
tenham cuidado em ingerir os peixes. “Pode haver alguma contaminação neles.”
Na semana passada, a Secretaria
de Serviços Municipais começou um programa de limpeza nas nascentes, que também
deve contribuir para o retorno da vida no Vidoca.
Por O Vale
Fonte: Sabesp.com