Agricultores agroecológicos de uma comunidade da zona rural de Pão de Açúcar, no Sertão de Alagoas, constroem fossas que não contaminam o meio ambiente. A iniciativa é de produtores rurais agroecológicos do Sítio Terra Firme, na zona rural do município.
Com a orientação de um consultor
do Sebrae, a fossa biodigestora dispensa a utilização de laje e cimento em sua
construção. Ela é feita com material reaproveitado, como pneus velhos, canos e
cascalho, e leva dois dias para ficar pronta.
Segundo o consultor Walter
Sandes, a fossa utiliza pneus que servem como uma tubulação por onde os dejetos
passam. “Começamos fazendo uma bacia de cimento e a impermeabilizamos, depois,
colocamos os materiais reaproveitados, como pedras e entulhos”, explica.
Ao invés de contaminar o solo, os
dejetos concentrados na parte inferior da fossa se transformam naturalmente em
adubo orgânico, limpando a terra e contribuindo para o desenvolvimento das
plantas na parte superior do solo.
Sandes explica que a água dos
dejetos que vai para a fossa é absorvida pelas raízes das plantas. O calor do
sol transforma a água em vapor e a libera para a atmosfera em um processo
chamado de evapotranspiração.
Os produtores também foram orientados
a construir um banheiro ecológico, onde as paredes não são de tijolos, mas sim,
revestidas com sacos de areia empilhados e rebocados com cimento. “A
propriedade não tinha banheiro, então decidimos fazer um. É uma construção
muito barata”, explica o consultor.
Os produtores da comunidade são
adeptos da agroecologia, método de produção agrícola que visa a preservação dos
recursos naturais, buscando a segurança alimentar. A novidade agradou porque
não prejudica o meio ambiente.
O presidente da associação de
produtores da região, José Antônio, conta que a novidade casou com a filosofia
empregada pela associação. “Gostei muito dessa possibilidade de não poluir o
solo”, conta.
Esta foi a primeira fossa
biodigestora e o primeiro banheiro ecológico construídos na comunidade. Uma
idéia que deve ser difundida pelas outras propriedades. “Hoje se precisar fazer
uma igual no meu terreno eu já sei fazer”, explica a produtora agroecológica
Maria José Góes da Silva.
A consultora Sonia Onuki explica
que havia uma necessidade no local por não existir saneamento básico. “Hoje
eles tem um espaço onde podem ir com mais tranquilidade, sabendo que os dejetos
não vão poluir a terra e o rio”.
A implantação da fossa
biodigestora também deve ajudar os produtores a conquistar um certificado do
ministério da agricultura, o que possibilita a comercialização dos alimentos
que produzem. “Com isso eles não recebem um celo propriamente dito, mas ficam
certificados pelo ministério e aptos à comercialização do produto orgânico”,
informa o engenheiro agrônomo Leandro Benatto.
Outro método
Na comunidade Sítio Terra Firme,
o método Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (Pais) foi adotado. Ele
é um processo de incentivo à agricultura familiar na produção de alimentos
saudáveis sem o uso de produtos químicos, aproveitando as potencialidades do
solo e das pequenas áreas de terra, por meio de plantios consorciados de
diferentes culturas.
A gestora do Pais, Ana Carolina
Ávila, explica que o modelo é sistematizado e de baixo custo que faz a junção
da produção vegetal com a animal.
A propriedade de João Carlos é um
exemplo, em um pequeno pedaço de terra ele planta hortaliças e pés de frutas. A
sombra dos mamoeiros serve para proteger a horta do sol e do vento e com a
sobra do que produz, ele alimenta as aves. A propriedade é irrigada com água do
rio São Francisco, para cada unidade do Pais instalada, o produtor recebe um
kit de irrigação por gotejamento, telas, arames, mudas de hortaliças e algumas
aves.
Fonte: Globo.com