Fotos: brainflakes./Creative Commons e Greenpeace/Divulgação
Cada vez mais popular em várias partes do mundo, o
tradicional consumo de comida oriental com hashis de madeira pode estar com os
dias contados – pelo menos na China. Em evento nacional, que contou com a
presença de diversos líderes chineses, Bai Guangxin, presidente do Grupo de
Indústria Florestal da província de Jilin, fez uma declaração chocante: por
ano, o país produz 80 bilhões de pares de hashi de madeira, que são
descartáveis.
Além de gerar muito lixo, a fabricação impacta as florestas
da China: uma árvore com cerca de duas décadas de existência rende, apenas,
quatro mil pauzinhos, o que implica na derrubada anual de cerca de 20 milhões
de árvores adultas para sustentar o hábito cultural.
A solução proposta por Guangxin? Acabar com a tradição! Ele
defende que os chineses parem de utilizar hashis de madeira e optem pelos de
plástico, reutilizáveis, ou se rendam de uma vez por todas aos talheres de
metal. A segunda opção, mais chocante, seria a melhor, na opinião do
ambientalista. Segundo ele, a vida útil dos pauzinhos de plástico é menor do
que a dos talheres de metal, além da reciclagem do material ainda deixar muito
a desejar.
A luta contra os hashis de madeira não é de hoje. Em 2006, o
governo chinês instituiu imposto de 5% sobre a fabricação do produto na
tentativa de impactar a indústria. Em 2010, foi a vez do Greenpeace tentar
conscientizar a população: a entidade utilizou 80 mil pares de pauzinhos para
montar árvores, que ficaram em exposição na área externa de um movimentado
shopping de Beijing. A ideia era mostrar aos cidadãos que os objetos não
“nascem em árvores”, mas sim derivam delas e, portanto, deveriam ser consumidos
com mais consciência. As iniciativas, no entanto, foram em vão e o uso do
produto só cresceu no país.
Há quatro anos, o presidente chinês Hu Jintao anunciou que o
país pretendia aumentar sua cobertura florestal em 40 milhões de hectares até
2020. Segundo Guangxin, a promessa só terá chance de ser cumprida se a
população abrir mão dos hashis de madeira – e, consequentemente, de uma
tradição milenar.
Será que as florestas estão com esse prestígio todo?
Fonte: Super Interessante