Boom econômico da
locomotiva asiática vem deixando sequelas graves no meio ambiente do país.
Apesar da necessidade de soluções urgentes, governo chinês ainda assiste inerte
à evolução gritante das ameaças
Irrespirável
Os níveis de poluição atmosférica na capital da China
ultrapassam de forma recorde o que é considerado aceitável pela Organização
Mundial da Saúde (OMS). É como se a cidade vivesse um “arpocalípse”, com sérios
prejuízos à saúde da população.
Em 2012, a poluição do ar matou cerca de 8,6 mil pessoas em
quatro grandes cidades chinesas e causou um prejuízo econômico de 1 bilhão de
dólares, segundo um estudo da Universidade de Pequim e do Greenpeace
Rios de água suja
A poluição da água é fonte de preocupação crescente na China
e se tornou um dos maiores desafios ambientais do país nas últimas décadas a
medida que China caminhava para tornar-se uma das maiores economias mundiais.
Nesse cenário, a indústria têxtil chinesa com seus resíduos
da produção (metais pesadas, tóxicos e substâncias cancerígenas) é uma fonte
significativa de poluição. Uma índústria em grande parte impulsionada pela
demanda global por produtos de algodão. Estimativas da OMS indicam que a água
contaminada causa mais de 100 mil mortes por ano.
Tempestade de areia
Toneladas de areia invadem as cidades chinesas, todos os
anos, cobrindo as ruas e os carros com um pó alaranjado. O fenômeno
praticamente paralisa o comércio, fecha escolas e, por vezes, deixa vítimas
fatais. A população faz o possível para se proteger, quem está na rua, cobre o
rosto, e que está em casa de lá não sai.
Vindas do deserto de Gobi, as tempestades de areia chegam
sempre que o tempo está árido, com baixa precipitação. Mas as condições
naturais não são o único culpado desse A ação do homem, através do desmatamento
e da urbanização intensa, ajuda a aumentar as zonas desérticas do país, o que
agrava ainda mais a ventania.
Poluição do solo por nitrogênio
Desde 1990, a China tornou-se o maior consumidor de
fertilizantes nitrogenados do mundo, que, apesar de ajudarem no crescimento
rápido do cultivo, aumentando a oferta de alimentos, também poluem e deterioram
o solo quando usados de forma indiscriminada.
Um estudo publicado pela revista Nature, a poluição por
nitrogênio aumentou 60% em 30 anos no país, uma ameaça para os ecossistemas e a
saúde humana. Além do uso de fertilizantes, os pesquisadores atribuem o aumento
da poluição por nitrogênio à crescente emissão de gases da indústria, baseada
na energia a carvão.
Aldeias de câncer
Em algumas regiões da China, a poluição já atinge níveis tão
críticos a ponto de ser associada à incidência de câncer na população. Áreas há
tempos contaminadas por produtos químicos tóxicos estão entre as que mais geram
prejuízo à saúde, a ponto de terem sido classificadas como “aldeias de câncer”
pelo governo chinês.
Essas substâncias tóxicas originadas de resíduos industriais
- muitas das quais proibidas na maior parte do mundo mas ainda permitidas na
China – contaminam solo, água e ar, tornando-se potencialmente perigosas para a
saúde humana e o meio ambiente.
Invasão de espécies exóticas
As espécies exóticas estão invadindo a China. Há registros
de pelo menos 400 espécies de animais, plantas e insetos, que foram trazidos
para a China desde que o país abriu sua economia no início dos anos 90.
Espécies exóticas são a segunda maior causa da perda da biodiversidade no
mundo, atrás apenas da ação humana.
Organismos introduzidos em um ecossistema do qual não fazem
parte prejudicam os processos naturais e os organismos nativos, além de gerar
impactos econômicos e sociais negativos. Estima-se que os prejuízos na China
girem em torno de 15 bilhões de dólares anualmente, com perda de lavouras e
problemas de saúde pública.
Declínio de 80% dos corais
O rápido crescimento econômico do país também teve um efeito
verdadeiramente danoso nos recifes de corais. Um estudo realizado em conjunto
pela China e a Austrália indica que o desenvolvimento do litoral, a poluição e
a sobrepesca levaram, ao longos dos últimos 30 anos, ao declínio de 80% dos
corais no mar da China meridional.
Fonte: Exame