Para aderir às celebrações do Dia Internacional da Mulher,
08/03, reunimos histórias inspiradoras de gente que luta para fazer valer esses
direitos. Entre elas, muitas mulheres, mas também homens como o economista
brasileiro Sérgio Besserman, que diz que o desenvolvimento sustentável só será
possível se for mais feminino.
1) “A burca não é uma jaula”
Considerada uma das dez melhores artistas do Afeganistão,
Shamsia Hassani grafita as ruas de Cabul para mostrar que “a burca não é uma
jaula”. Aos 25 anos, a artista de rua acredita que a liberdade não é o que
vestimos, mas “o que decidimos, o que dizemos, o que fazemos para estarmos
confortáveis e para termos paz”.
Para esta jovem professora de arte da Universidade de Cabul,
mudar o sentido da burca com a arte para mostrar mulheres felizes é uma forma
de mudar como as pessoas enxergam a mulher. Ela não se engana: existem outros
grandes problemas em sua sociedade. Mas crê que, mesmo com a burca, as mulheres
podem fazer de tudo: estudar, trabalhar, fazer arte e muitas outras atividades.
Por ser mulher, seu trabalho como artista é complicado: a
reação negativa das pessoas – inclusive de outras mulheres – e os problemas de
segurança são alguns dos motivos que a impedem de pintar seus grafites em ruas
que não conhece.
2) Primeira rapper afegã contra a repressão
Aos 23 anos, a primeira mulher a fazer música Rap no
Afeganistão lançou seu primeiro single (“Our Neighbors”, confira no vídeo
abaixo) que retrata a repressão contra mulheres e crianças e o desejo de paz em
seu país.
Logo após a divulgação do vídeo – feito com baixo orçamento,
em que aparecem fotos de Soosan Firooz sem burca, com roupa ocidental,
acessórios e maquiagem –, sua família recebeu diversas ameaças anônimas de
morte. Mesmo assim, continuou apoiando seu trabalho: tanto que seu pai
abandonou o trabalho em uma companhia de eletricidade para ser guarda-costas da
filha, em tempo integral.
Agora, Soosan prepara seu novo single, em que contará como é
ser uma jovem mulher que vive no Afeganistão.
3) “Garotas não são tão inocentes”
Mais conhecida como Maria João Barbosa, a webdesigner e
ilustradora portuguesa Luna Kirsche exalta a “feminilidade não esterotipada”
com seu recente trabalho criativo “Girls aren’t so innocent”. Para a artista,
que sempre cria desenhos arrojados e com muita personalidade, as mulheres devem
ser retratadas sem tabus para que a imagem preconcebida que algumas pessoas têm
das mulheres não motive preconceitos e discriminação.
Com muita cor, sensualidade e tatuagens, as mulheres
retratadas por Luna têm longos cabelos armados, usam corpete e cinta-liga e tem
símbolos – de diversas cultuas – espalhados pelos cabelos, pela pele ou pelas
roupas. Todas podem ser vistas em seu site.
4) Cantadas de rua inspiram documentário
Quando a estudante belga de cinema Sofia Peeters criou documentário “Femme de la rue” para mostrar como as mulheres são assediadas pelos homens quando passam nas ruas de Bruxelas, o filme de 17 minutos gerou tanta controvérsia que o Ministério Público da cidade e os municípios belgas adotaram medidas para prevenir a situação: quem molestar uma mulher na rua terá que pagar multa de 250 euros – aproximadamente 640 reais! Confira o trailer, abaixo:
“Estas caminhadas na rua me causavam algum sofrimento”,
conta Sofia, justificando a escolha do tema. Segundo ela, muitas mulheres pelo
mundo se identificam com esse trabalho já que não é preciso ser belga para
entender a situação das mulheres retratadas pelo documentário. No Brasil,
inclusive: assobios e cantadas de rua acontecem muito frequentemente por aqui
também.
5) Até que a morte os separe
Para sensibilizar a população de Portugal sobre a violência
contra mulheres, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima lançou, no final do
ano passado, uma campanha que inclui retratos de duas vítimas. Ambas apresentam
marcas da agressão e estão vestidas de noiva. Ao lado das imagens, a frase “até
que a morte nos separe”, que sugere o crescente número de mulheres assassinadas
por seus maridos.
6) Homem de verdade não bate em mulher
No Brasil, estima-se que uma em cada cinco mulheres já
sofreu violência dentro de casa. Para chamar a atenção para o problema e acabar
com o estigma de que a Lei Maria da Penha é contra os homens, a campanha “Homem
de Verdade Não Bate em Mulher”, lançada em 01/03 pelo Banco Mundial, tem a
adesão de dez brasileiros famosos. Saiba mais sobre a campanha em Homem deVerdade Não Bate em Mulher: campanha conscientiza sobre a violência doméstica.
7) “As mulheres salvarão o planeta”
“Se eu achasse a lâmpada de Aladim e o gênio me dissesse:
‘Você tem direito a um pedido para o desenvolvimento sustentável. Só um!’ Eu,
sinceramente, escolheria: acesso à informação e direito à liberdade sobre o
próprio corpo para todas as mulheres do mundo”, disse o economista e ambientalista Sérgio Besserman, em entrevista à revista Claudia de junho de 2012.
8 ) Jovens mães, em situação de risco, recuperadas
A ação já ajudou mais de 150 mulheres e é modelo de política
pública em 13 estados brasileiros para recuperar usuárias de crack. Em dezembro
de 2011, Raquel apresentou seu projeto no encontro “Você tem fome de quê?”,
promovido pela Natura. O Planeta Sustentável estava lá e contou sua história no
site: Lua Nova: apoio a mulheres carentes vira política pública.
9) Reino das mulheres cobertas
Depois de uma temporada dramática no Afeganistão, em 2003,
um médico afegão, radicado nos Estados Unidos, escreveu um relato que
descortina a vida complicada das mulheres de seu país: A Cidade do Sol.
Na obra, as duas protagonistas são obrigadas a casar com um
mesmo homem violento. Apesar de o livro ser uma ficção, Khaled Hosseini – que
ficou famoso depois de lançar O Caçador de Pipas – garante que muitas das cenas
de abuso descritas são experiências de pessoas reais. “Houve quem dissesse que
o livro é um melodrama. Essas pessoas não entendem que a realidade pode ser
mais absurda do que a imaginação concebe”, disse em entrevista à revistaClaudia, em sua edição de outubro de 2007.
10) Contra o tráfico de mulheres
É contra o universo pavoroso do tráfico humano para
exploração sexual – terceira maior fonte de renda ilegal do mundo e também a
que mais cresce – que luta a jornalista brasileira Priscila Siqueira. “Muita
gente ainda duvida de que esse comércio exista ou fica indiferente, talvez
acreditando que o problema é grande demais para ser enfrentado”, declarou a
autora do livro Tráfico de Mulheres: Oferta, Demanda e Impunidade em entrevistaà revista Claudia, na edição de abril de 2009.
Para se ter ideia da dimensão do problema, na reportagem
Priscila cita o depoimento de um cafetão canadense que declarou publicamente
que preferia vender mulheres a drogas e armas porque as últimas só se vendem
uma vez – e a mulher pode ser revendida até morrer, ficar louca ou se matar.
Conhece outras histórias ou iniciativas inspiradoras em prol
dos direitos das mulheres? Compartilhe com a gente!
Fonte: Super Interessante