Eles pretendem abrir a primeira fábrica de vassouras de
garrafas PET da capital fluminense e acabar com o descarte desse tipo de
produto na natureza. | Foto: Valter Campanato/ABr
Criar empregos na própria comunidade reaproveitando o que
moradores ainda chamam de lixo é o que quer um grupo de jovens da Rocinha que
resolveu montar o Estação Rociclagem. Em maio, eles pretendem abrir a primeira
fábrica de vassouras de garrafas PET da capital fluminense e acabar com o
descarte desse tipo de produto na natureza, pelo menos dentro da comunidade.
Para impulsionar a ideia e aprender a estimular a
participação de moradores e comerciantes, o grupo participou, no último fim de
semana, do 3º Encontro Troca de Saberes. Pela primeira vez na Rocinha, a
atividade envolveu organizadores de projetos de desenvolvimento sustentável de
12 favelas cariocas, como ecomuseus, hortas comunitárias e reflorestamento.
“Queremos encurtar os caminhos para esses projetos,
articulando as secretarias e aproveitando os saberes locais, além de ofertar
apoio de instituições parceiras”,
explicou a coordenadora do evento Simone Pitta, da Secretaria Estadual de
Assistência Social e Direitos Humanos.
“A gente vê quem pode
ofertar capacitação, maquinários para reciclagem, muda para parques ecológicos,
contatos das secretarias, enfim, tentamos facilitar”, completou.
O objetivo, segundo Simone, é também atacar problemas graves
nas favelas, como o acúmulo de lixo, que se reflete em outras dificuldades,
como a proliferação de doenças e o entupimento de valas.
“A pior coisa do lixo aqui são as garrafas PET. Entopem os
rios e as valas. A gente quer tirar essas garrafas e reutilizá-las”, explica a
jovem Michele Estevão, 27 anos, do Estação Rociclagem que ainda está atrás de
ajuda para comprar o que falta do maquinário.
Depois, a meta é
gerar empregos e transformar o que iria para o lixo em objetos úteis na própria
Rocinha. “Queremos chegar aos catadores de material reciclável daqui e oferecer
um emprego, uma condição de trabalho melhor”, acrescentou.
O Estação Rociclagem, de Michele e mais quatro amigos,
também recebeu financiamento e cursos de capacitação por meio do Serviço de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-RJ) e da Agência de Redes para a
Juventude, organização não governamental que deu aos jovens R$ 10 mil, como
incentivo inicial.
O Encontro Troca de Saberes é um desdobramento de ações
promovidas pela Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, a Rio+20, para implementação de iniciativas comunitárias de
sustentabilidade.
Isabela Vieira, da Agência Brasil
Fonte: CicloVivo