Os efeitos da ação do homem são devastadores e precisam ser
repensados
O filme Home, do diretor francês Yann Arthus-Bertrand,
mostra que a destruição do planeta não é um conto de ficção científica. Ela é
real e está acontecendo no exato momento da leitura deste texto. É difícil ter
uma noção ampla de qual é o impacto da existência humana sobre o planeta. As
pessoas vivem seu cotidiano como maquinas pré-programadas para nascer, crescer,
ganhar dinheiro, consumir, ostentar, se reproduzir e morrer. Um ciclo sem fim e
com grandes danos ao planeta.
A vida no planeta é quase um milagre. Todos os seres vivos
são frutos de uma sequência de acasos químicos, físicos e biológicos, que
permitiram a origem de todas as espécies. No entanto, o homem se comporta com
se não fizesse parte disso tudo como mais um elemento, mas como um ser
superior. Ele domina e usa o que puder em seu benefício. O modo de vida imposto
é inviável e destrói o ciclo de vida de outras espécies também. Tudo gira em
função do lucro, que sempre deve ser cada vez maior. Isso porque o pensamento
imediatista guia a grande maioria das decisões politicas, econômicas, sociais e
bélicas.
O filme
As imagens iniciais retratam a força da natureza e a
harmonia entre os animais selvagens e o meio ambiente transmitindo essa
sensação de milagre, já que tudo parece ser muito bonito e perfeito. As
filmagens foram feitas de um helicóptero e em alta definição. Isso aumenta o
impacto das cenas, que exigiram muito da pequena equipe, composta por um câmera
e um engenheiro de imagem, além do piloto. A trilha sonora acompanha de forma
triunfante e precisa cada paisagem filmada.
Cenário do consumo
A virada do filme acontece quando as grandes cidades da
atualidade entram em cena e mostram as conquistas motivadas pela descoberta do
petróleo. O foco se dá principalmente nos últimos 50 anos, quando a disputa por
esse recurso aumentou. Com a discussão ficando mais séria, a trilha sonora
ganha em tensão e a narração se torna mais angustiante. Assim, os impactos de
diversas ações cotidianas começam a ficar mais evidentes.
As imagens das cidades também são excelentes. Tudo
impressiona pelo tamanho e pela quantidade. Não são mais paisagens naturais,
mas obras feitas pelo homem, que também são belas, mas refletem a interferência
humana no planeta, que visa o bem estar e a prosperidade econômica.
Sem dúvida as revoluções tecnológicas foram fundamentais
para melhor a qualidade de vida das pessoas. De forma muito rápida, encurtamos
distâncias e alongamos o tempo. No entanto, esses avanços também ampliaram os
impactos ambientais e a disputa financeira. O estilo de vida das pessoas agora
está ligado ao consumo de petróleo, mas esse consumo não é feito de maneira
equilibrada e uniforme em todo o planeta. 80% dos recursos minerais são
consumidos por 20% da população mundial. HOME consegue impressionar ao mostrar
os dados dessa dualidade. De um lado, países onde milhares de pessoas vivem com
pouca água e de má qualidade; de outro, países em que milhares de litros de
água são destinados a uma pessoa. O diretor consegue tornar os dados
estatísticos mais palpáveis ao mostrar com clareza tanto o lado da escassez,
quanto o lado da fartura.
O diretor francês fez uma excelente obra e também
proporcionou uma grande reflexão aos usuários ao mostrar e comprovar que não é
possível viver dessa maneira e que algo precisa ser feito o quanto antes. Mesmo
porque o petróleo, que motiva tanto o consumo e move tantas economias, ainda
não fez nenhum dos grandes produtores, como os da OPEP, se tornarem atores de
peso na grande economia mundial. Ou seja, até a forma de ganhar dinheiro
precisa sofrer severas alterações.
O filme é resgatado do ano de 2009, mas cada vez mais atual.
Pode ser visto via YouTube. A distribuição foi feita gratuitamente porque
diretor Yann Arthus-Bertrand considerava importante todas as pessoas repensarem
o modo de vida na sociedade atual.
Assista abaixo (primeira parte em português):
Fonte: eCycle