Um estudo da Universidade de
Guelph, no Canadá, revela que redução da diversidade de espécies e a
monocultura (produção de um único produto agrícola) podem tornar um ecossistema
mais vulnerável a mudanças ambientais súbitas, como incêndios e invasão de
pragas. O artigo foi publicado na quaqrta-feira (6) na revista
"Nature".
A pesquisa destaca a importância
da biodiversidade na estabilidade de ecossistemas para amortecer os impactos de
perturbações no meio ambiente. De acordo com os cientistas, os agricultores
devem investir no cultivo de mais tipos de plantas em pastagens e bosques para
evitar um futuro colapso no ecossistema.
Os pesquisadores monitoraram a
estabilidade de ecossistemas altamente produtivos, mas pobres em diversidades
de espécies. Eles verificaram que, apesar de se mostrarem resistentes às variações
climáticas anuais, o ecossistema entrou em colapso quando foi atingido pelo
fogo, introduzido pelos cientistas experimentalmente. Em contrapartida,
pastagens em áreas com uma alta diversidade de plantas sobreviveram ao
incêndio.
“As espécies são mais importante
do que pensamos. Nós precisamos proteger a biodiversidade”, afirmou Andrew
MacDougall, um dos autores do estudo e professor de botânica e membro do Centro
de Pesquisa em Biodiversidade da universidade.
Os pesquisadores estudaram por
dez anos pastagens no sul de Vancouver, no Canadá. A área de dez hectares, de propriedade
da “Nature Conservancy of Canadá”, consiste em um tipo de savana ou pastagem
com a presença de algumas árvores, no caso carvalhos, que estava há 150 anos
sem registrar nenhum incêndio.
Os cientistas isolaram partes do
terreno e as queimaram para comprar a reação do ecossistema nas áreas com maior
e menor diversidade de espécies e plantas nativas.
Os resultados revelam que as
parcelas aparentemente estáveis de pastagens uniformes entraram em colapso e
foram posteriormente invadidas por árvores, enquanto os locais com diversas
espécies resistiram à invasão de plantas lenhosas.
A diversidade também afeta a
vulnerabilidade ao fogo, sugere o estudo. As áreas com maior diversidade
registraram macas no terreno menos persistentes e tornaram-se menos propensas a
sofrer novamente um incêndio de alta intensidade, se comparadas às pastagens
com única espécie.
"As monoculturas são um
ecossistema muito produtivo que, entra ano e sai ano, produzem e parecem estáveis.
Mas, de repente, uma grande perturbação acontece e toda a biodiversidade que
foi perdida desde o início torna-se importante", disse o professor e autor
do estudo, Kevin McCann.
Fonte: Globo.com